Pelo menos 23 crianças foram mortas nos protestos no Irão, revelou esta terça-feira a porta-voz do Departamento de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, Ravina Shamdasani, numa conferência de imprensa em Genebra
As mortes foram causadas por munições reais, disparos à queima-roupa e espancamentos, indicou a porta-voz da ONU, citada pela agência Reuters.
Ravina Shamdasani acrescentou ainda que um número não especificado de crianças foi preso em raides das autoridades realizados em escolas e outros menores foram enviados para tratamento psicológico.
O Irão tem sido abalado por protestos após a morte de Mahsa Amini, de 22 anos, a 16 de setembro, três dias após ter sido detida pela polícia da moralidade por não estar a usar o véu hijab de acordo com o estrito código da República islâmica.
As manifestações representam um dos maiores desafios para a teocracia do Irão desde os protestos do Movimento Verde em 2009. Embora os protestos tenham começado há cerca de um mês, nas últimas semanas têm-se intensificado em todo o país e, internacionalmente, vários países ocidentais já exigiram a aplicação de novas sanções ao regime de Teerão em resposta à repressão realizada contra os manifestantes.
Estimativas da Organização não-governamental Iran Human Rights (IHR), avançadas na semana passada, indicavam que os protestos tinham provocado pelo menos 185 mortes, número que agora já deverá ser mais elevado.
O Irão acusou os Estados Unidos, Israel, Arábia Saudita e parceiros ocidentais de estarem a orquestrar "uma espécie de conspiração estrangeira" para "enganar" a juventude do país para causar "motins violentos" depois de terem "falhado as tentativas de guerra económica", por via das sanções.