Os encontros familiares no Natal têm sido uma das principais preocupações no que toca à transmissão do novo coronavírus. Maria de Belém Roseira, antiga ministra da Saúde e embaixadora da Associação Dignitude, admite, em entrevista à Edição da Noite, que há riscos, principalmente porque "as pessoas estão realmente cansadas de ser cuidadosas e dos apelos que se fazem". No entanto, reforça a necessidade de seguir as recomendações.
“Penso que é muito importante que as pessoas se adaptem em termos de não ter de seguir à risca aquilo que é tradição em determinadas quadras, mas que ponham em primeiro lugar a saúde daqueles que lhe são mais próximos e mais queridos”, disse a antiga ministra
A antiga ministra da Saúde considera ainda que a pressão da Alemanha para aprovação da vacina pela Agência Europeia do Medicamento é também uma boa notícia.
“Depois do crivo do FDA [agência reguladora norte-americana], que é tão exigente, e de todas as outras agências terem aprovado estas vacinas, é evidente que as pessoas sentem muito mais ansiedade e o tempo demora a passar porque toda a gente está com enorme expectativa em relação à positividade desta ação”, sublinha Maria de Belém Roseira.
Sobre o plano apresentado por Portugal para a distribuição da vacina, a antiga ministra considera que não pode “fazer grande avaliação”, uma vez que é uma planificação dinâmica. No entanto, vê no plano do Reino Unido uma estruturação que “é muito mais acessível à compreensão das pessoas”.
“Eles sabem explicar muito bem, têm uma ótima comunicação. Eles identificam muito bem os grupos prioritários e porque fundamentam as suas opções com base na literatura científica de que dispõem”, explica.
Maria de Belém Roseira considera ainda houve erros na gestão da pandemia, mas não “erros propositados”
“Ninguém está preparado para uma pandemia com esta dimensão. E quando eu falo em erros, não são erros propositados. São erros que acontecem. Agora o que é importante é aprender com eles. E, por isso, é que é tão importante também nós analisarmos o que estão a fazer os outros países que têm uma grande capacidade de organização e que com os quais podemos aprender”, remata.
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