Coronavírus

“Em cada dez pessoas internadas em cuidados intensivos, uma não tem covid-19”

Filipe Froes defende que se deve analisar a pandemia através dos dados de movimento e não em números absolutos.

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O número de novos caso de covid-19 tem vindo a diminuir, no entanto a pressão nos hospitais ainda é bastante elevada, principalmente na região de Lisboa e Vale do Tejo. Filipe Froes, pneumologista e coordenador do gabinete de crise da Ordem dos Médicos, explica que o alívio na pressão dos hospitais deverá demorar duas semanas.

Se tudo correr normalmente, vamos começar, a partir de agora, a assistir à diminuição do número de internamentos. Mas isto é um período que vai demorar no mínimo mais 15 dias. Nós temos de esperar mais 15 dias para perceber a evolução em termos de internamentos em enfermaria e internamentos e unidades de cuidados intensivos, disse em entrevista à Edição da Noite.

O pneumologista refere que em cada três pessoas internadas em Portugal, uma tem covid-19, no entanto o valor muda quando se fala de internamentos em cuidados intensivos: Em cada dez pessoas internadas em cuidados intensivos, uma não tem covid-19.

Para além da pressão ao nível dos internamentos, Filipe Froes lembra que há também 150 mil pessoas em vigilância ativa. Para 50 mil pessoas em vigilância que sejam vistas todos os dias, nós temos mil médicos de família a trabalhar oito a nove horas ininterruptamente por dia, avança.

Filipe Froes critica ainda a utilização de números absolutos para analisar a evolução da pandemia.

A imagem que se dá estes indicadores de números absolutos é que a situação está estável porque o número de internamentos mantém-se constante. Não é verdade. Nós precisamos de deixar de trabalhar em números absolutos para passar a trabalhar em movimento e o mesmo se passa em cuidados intensivos, afirma.

Sobre a chegada da equipa de médicos alemães, o pneumologista diz que toda a ajuda é bem-vinda, mas lamenta que não tenham sido colocados numa instituição do Serviço Nacional de Saúde (SNS)

Quem vier a Portugal para nos ajudar é sempre bem-vindo. Eu preferia que eles tivessem ido para uma instituição do SNS e tivessem lá trabalhado até por uma questão de nós podermos todos no SNS aprender com o processo organizativo desta equipa alemã”, diz ainda o coordenador do gabinete de crise.