As declarações de Graça Freitas colocam novamente o alerta. A diretora-geral da Saúde admite a possibilidade de Portugal voltar a enfrentar uma nova vaga de covid-19. Miguel Castanho, investigador principal do Instituto de Medicina Molecular, considera possível haver uma nova subida de casos, e defende que se mantenha um discurso cauteloso.
“O que a diretora-geral da Saúde quis dizer é que nós podemos voltar atrás, ter retrocessos, em termos de combate ao vírus. Enquanto houver vírus circulante, se dermos condições para isso, o vírus voltará a multiplicar-se. Se baixarmos a guarda, essa multiplicação poderá voltar a ser galopante. Nós como que temos algo explosivo nas mãos”, afirma em entrevista à Edição da Tarde da SIC Notícias.
Colocar em cima da mesa uma repetição do cenário que Portugal enfrentou em janeiro é importante, principalmente quando se planeia o desconfinamento. Neste momento em que as vacinas protegem apenas 2,6% da população portuguesa, o investigador sublinha que “ainda estamos numa fase em que não podemos contar com os efeitos da vacinação e, portanto, a situação pode facilmente voltar a piorar”.
Os planos do Governo e da task force para a vacinação apontam o mês de agosto como a meta para atingir a imunidade de grupo, mas Miguel Castanho não está tão otimista e chega a considerar “um erro” avançar com uma data, quando há, entre outros fatores, tantas incertezas sobre o fornecimento das doses necessárias por parte das farmacêuticas.
“Avançar já com a ideia de imunidade de grupo em agosto, pode lançar-nos no mesmo erro do Natal. Isto é, pode criar no início do verão uma falsa noção de que estamos em fim de ciclo”, afirma.
Para o investigador foi precisamente essa ideia de “fim de ciclo” que levou ao aumento de casos registado depois da época festiva do Natal e da Passagem de Ano. Também a mesma ideia “justifica algum arrefecimento que a diretora-geral de Saúde dispôs agora nos ânimos, falando da quarta vaga e relembrando – é verdade – que não estamos livres que a situação venha a piorar”.
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