A Universidade de Oxford anunciou na quarta-feira que está a estudar o medicamento antiparasitário ivermectina como um possível tratamento precoce para a covid-19 e assim evitar hospitalizações.
Estudos em laboratório têm mostrado que a ivermectina tem efeitos antivirais, nomeadamente na redução da replicação do vírus SARS-CoV-2 se administrados em doses mais elevadas que as aprovadas como antiparasitário.
Segundo a Universidade de Oxford, a investigação demonstrou que a administração precoce do medicamento reduz a carga viral e a duração dos sintomas em alguns pacientes com covid-19 leve.
O estudo Principle irá comparar doentes com covid-19 que receberam o medicamento a outros pacientes que estão a receber os cuidados normais no sistema de saúde britânico NHS.
"Ao incluir a ivermectina num ensaio de grande escala como o PRINCIPLE, esperamos encontrar provas da eficácia do tratamento contra covid-19 e se há benefícios ou efeitos secundários associados à sua utilização", disse o investigador principal do ensaio, Chris Butler citado pela agência Reuters.
Pessoas com problemas hepáticos graves, que estão a tomar medicamentos ou a fazer tratamentos conhecidos por interagirem com a ivermectina, serão excluídas do ensaio, acrescentou a universidade.
A ivermectina é o sétimo tratamento contra a covid-19 que está a ser investigado no ensaio, e atualmente está sendo avaliada juntamente com o antiviral favipiravir, disse a universidade.
Medicamento polémico na utilização contra a covid-19
Embora a Organização Mundial da Saúde e os reguladores europeus e norte-americanos não recomendem o uso de ivermectina em pacientes com covid-19, o antiparasitário está a ser usado para tratar a doença em alguns países da Amércia Latina, nomeadamente o Brasil, na África do Sul e Índia.
No Brasil são também administradas cloroquina e azitromicina e ivermectina, fármacos que não têm eficácia contra a covid-19, mas são amplamente defendidos para esse efeito pelo Governo de Jair Bolsonaro.
Infarmed diz que não há provas para apoiar uso de medicamento
Em março, o Infarmed alertou que não existem provas que apoiem a utilização da ivermectina na profilaxia e tratamento da covid-19.
Numa nota divulgada no site, a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde sublinha que têm vindo a ser publicados vários estudos que analisam o potencial recurso à ivermectina no contexto da covid-19, mas que há ainda dúvidas quanto à dose adequada e à segurança.
O Infarmed diz que analisou os artigos e publicações disponíveis e avisa que, à data, "dadas as limitações metodológicas nos ensaios em que a ivermectina foi utilizada e as dúvidas quanto à dose adequada e sua segurança no âmbito da infeção causada pelo SARS-CoV-2, não existem evidências (provas) que apoiem a utilização deste medicamento na profilaxia e tratamento da covid-19".
Os medicamentos contendo ivermectina atuam como antiparasitários no tratamento da filariose, estrongiloidose e escabiose (sarna) e pediculose (piolhos), e profilaxia da recidiva da estrongiloidíase (infeção intestinal) e na escabiose persistente ou escabiose.
Links úteis
- Atualização semanal da execução do Plano Nacional de Vacinação contra a covid-19
- Covid-19 DGS - relatórios de situação diários
- Covid-19 DGS/Ministério da Saúde - mapa dos números
- ECDC - listagem que permite seguir o número de vacinas já administradas na Europa
- Universidade de Oxford - dados sobre evolução da vacinação contra a covid-19
- Bloomberg - listagem que permite seguir o número de vacinas já administradas no mundo
- London School of Hygiene & Tropical Medicine - gráfico que mostra o progresso dos projetos de vacinas
- Agência Europeia dos Medicamentos (EMA)
- Especial sobre o novo coronavírus / Covid-19
- Linha SNS24
- Direção-Geral da Saúde (DGS)
- Organização Mundial da Saúde (OMS)
- ECDC - Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças