Paulo Portas, antigo presidente do CDS, diz que a situação atual do partido é grave e compara o que está a acontecer a uma "associação de estudantes".
“Um partido como o CDS não cresce se se dividir. A perceção externa do que aconteceu é terrível, parecia uma associação de estudantes com más práticas”, afirmou no seu espaço de comentário na TVI.
Paulo Portas diz que fará "tudo o que puder" para não se desfiliar do CDS-PP
O ex-dirigente do CDS Paulo Portas afirmou ainda que fará "tudo o que puder" para não se desfiliar do partido, mas defendeu que a situação é "grave" e que "o líder de um partido democrático não cancela eleições internas".
Com duras críticas à atual direção do partido, liderada por Francisco Rodrigues dos Santos, Paulo Portas abordou as desfiliações dos últimos dias do CDS para afirmar que fica "muito impressionado quando um diretório fica contente com a saída daquele que é provavelmente o melhor gestor da sua geração - António Pires de Lima - ou quando fica contente, como quem diz 'já nos livrámos dele', com a saída de Adolfo Mesquita Nunes - que é provavelmente uma das cabeças mais brilhantes do centro-direita em Portugal, ou quando passam dois anos a tentar tirar do parlamento" a deputada Cecília Meireles.
"Há um qualquer problema de bom senso nesta forma de gerir", frisou.
Interrogado ainda sobre se não considera "estranho" que um candidato se "furte ao escrutínio interno ao mesmo tempo que se candidata" a eleições legislativas, Paulo Portas respondeu que "um líder de um partido democrático não cancela eleições internas pela simples razão de que ficará sempre a dúvida se as cancelou por medo de as perder. É tão simples quanto isto".
Crise no CDS: várias saídas e desagrado no partido
As decisões surgem depois do conselho nacional dos democratas cristãos ter aprovado o adiamento do congresso para depois das legislativas.
O Conselho Nacional do CDS aprovou o adiamento, para depois das eleições legislativas, do congresso eletivo do partido, que deveria realizar-se a 27 e 28 de novembro, em Lamego. O cancelamento do congresso por proposta do presidente do partido foi aprovado com 144 votos a favor (57,8%), 101 contra (40,6%) e quatro abstenções (1,6%), disseram à Lusa várias fontes que assistiram à reunião.
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