O PS chumbou na quarta-feira a ida de Alexandra Reis ao Parlamento para dar explicações sobre a indemnização paga pela TAP. O caso da secretária de Estado do Tesouro resultou na última leva de demissões de um executivo que vai somando polémicas. Em nove meses de mandato, somam-se polémicas, decisões e contradições.
Nem um mês esteve Alexandra Reis como secretária de Estado, nomeada numa remodelação que nem se pode dizer que tenha sido precipitada ou acelerada ou apenas de recurso, ainda que forçada pela demissão de Miguel Alves, um Secretário de Estado adjunto que o primeiro-ministro até começou por não ter quando, em março, anunciou um executivo mais enxuto do que o anterior.
Alexandra Reis entrou para o Governo porque já que a mudança no gabinete do primeiro-ministro mexia com a equipa das Finanças, o ministério de Medina era reforçado.
Mas logo o reforço se tornou em mais um incómodo, depois daquele que tinha desencadeado a remodelação. Foram semanas de pressão sobre o envolvimento do adjunto do primeiro-ministro em negócios pouco claros e respostas que não só não convenceram como ainda vieram gerar mais desconforto.
Só quando Miguel Alves foi constituído arguido é que decidiu apresentar a demissão, aceite por António Costa.
A 10 de novembro, 56 dias depois da tomada de posse em que o primeiro-ministro tinha já aproveitado uma saída de Marta Temido para alargar a remodelação na saúde, incluindo o novo secretário de Estado, Miguel Alves saiu.
Costa prometeu a seu tempo a nova remodelação, que só viria a acontecer a 2 de dezembro, a tal em que Alexandra Reis entra como secretária de Estado.
Se não foi ponderada, pelo menos demorou três semanas e acabou por resultar, também, na mudança dos secretários de Estado do ministro da Economia, que se incompatibilizaram com Costa Silva.
Desde o fim de agosto, em que Marta Temido apresentou a demissão que não há mês em que um membro do executivo não seja posto em causa, seja por incompatibilidades ou por ligações a polémicas que se têm revelado incapazes de explicar.