Os partidos já começaram a reagir à demissão de Carla Alves, que foi secretária de Estado da Agricultura durante 25 horas. O pedido de demissão foi “prontamente aceite” pelo primeiro-ministro, depois de, horas antes, o próprio ter garantido que não a ia demitir.
Carla Alves tomou posse na quarta-feira no Palácio de Belém, em substituição de Rui Martinho, que abandonou o Executivo por razões de saúde.
O motivo para a saída está relacionado com a polémica que envolve o marido - antigo presidente da Câmara de Vinhais - e que resultou no arresto de contas bancárias.
"De trambolhão em trambolhão"
O vice-presidente da bancada do PSD, Paulo Rios Oliveira, diz que o Governo anda "de trambolhão em trambolhão".
Paulo Rangel, também do PSD, vai mais longe e defende que o Governo não pode continuar em funções. O eurodeputado acrescenta ainda que a responsabilidade de escrutinar os nomes escolhidos para o executivo tem de ser do primeiro-ministro.
André Ventura apela à intervenção do Presidente da República
Nas redes sociais, André Ventura diz que é preciso mudar de executivo e apela à intervenção do Presidente da República.
“O Senhor Presidente da República tem de interiorizar que o equilíbrio e o regular funcionamento das instituições estão definitivamente colocados em causa. É tempo de mudar de Governo”, lê-se na publicação do Twitter do presidente do Chega.
PCP compreende decisão de Carla Alves
O PCP diz que, à parte das sucessivas demissões, o primeiro-ministro deve centrar-se no programa do Governo para continuar a dar resposta às dificuldades dos portugueses.
João Dias diz que o partido compreende a decisão tomada por Carla Alves.
"Não desvalorizamos todas estas situações que são criadas, (...) mas são da responsabilidade do Governo, não somos nós que temos essa responsabilidade. (..) Importa que não se acabe por camuflar ou deixar de falar o que é essencial."
BE aponta contradições a António Costa
Pedro Filipe Soares, do Bloco de Esquerda, relembra que o primeiro-ministro passou a tarde de quinta-feira, no Parlamento, a defender Carla Alves e que teve de ser a própria a bater com a porta.
“O primeiro-ministro passou toda a tarde, no Parlamento, a defender que a secretária de Estado da Agricultura. (…) Minutos depois do debate, a própria, e bem, concluiu exatamente o contrário”, disse no Twitter e voltou a reforçar em declarações na Assembleia da República.
Rui Tavares defende que Costa está a falhar
O deputado do Livre, Rui Tavares, considera que este é um problema sistémico do Governo e que a responsabilidade é do primeiro-ministro.
PAN: demissão era “uma inevitabilidade”
O PAN considerou esta quinta-feira a demissão da secretária de Estado da Agricultura "uma inevitabilidade".
"O país precisa de foco na promoção de respostas para os vários desafios que enfrenta, não de um governo à deriva, perdido na sua própria maioria absoluta", defendeu a deputada do PAN Inês de Sousa Real através da rede social Twitter, apelando para que não se normalize "o que não deve ser normalizado".
Um país à deriva, diz Nuno Melo
O Presidente do CDS considera a governação do PS é caótica. Nuno Melo afirma mesmo que o país está à deriva e que António Costa não tem condições para continuar.
“Portugal é, neste momento, um barco à deriva, sem homem no leme”, diz Nuno Melo.
A demissão de Carla Alves surgiu um dia após a posse de dois ministros e seis secretários de Estado, numa remodelação originada pelo caso da indemnização de 500 mil euros paga à ex-secretária de Estado do Tesouro Alexandra Reis, para sair da administração da TAP.
A remodelação desencadeada pelo caso TAP originou a saída do ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, que tutelava a TAP, e dos secretários de Estado das Infraestruturas e do Tesouro. Em paralelo, saiu o secretário de Estado da Agricultura.