Muhammad tem um ano e meio e pesa seis quilos. Há vários dias que não ingere leite ou qualquer outro alimento. Está a morrer à fome. Como todos os bebés do território, usa um saco de plástico a fazer de fralda.
O fotógrafo palestiniano ao serviço da BBC que fotografou o bebé e a mãe descreveu como desumanas as condições em que vivem, numa tenda no sul de Gaza, depois de serem obrigados a fugir no norte do território.
Os alimentos que poderiam salvar a vida a Muhammad entram a conta-gotas no enclave, numa imposição de Israel, que continua a negar ser responsável pela fome em Gaza. Nas últimas24 horas morreram de fome mais nove palestinianos, elevando para 122 o número de pessoas que morreram no território por falta de alimentos. A maioria são crianças como Yazan.
Hospitais estão sobrelotados de crianças
Os médicos dizem que os hospitais estão cheios de crianças a quem faltam forças até mesmo para chorar. Até meados de agosto, alerta a UNICEF, Gaza ficará sem os alimentos terapêuticos especializados necessários para salvar a vida de crianças gravemente desnutridas.
Israel está a usar a fome como arma de guerra e continua a bombardear escolas cheias de civis e tendas com deslocados. Num dos últimos ataques na cidade de Gaza, as bombas caíram enquanto as famílias dormiam. Várias pessoas morreram, entre elas um jornalista. Várias crianças ficaram feridas.
EUA abandonam negociações para cessar-fogo
As negociações que decorriam no Qatar para um cessar-fogo foram esta quinta-feira suspensas pela recusa dos Estados Unidos e Israel em manter o diálogo, com Washington a alegar que o Hamas mostrou "falta de vontade" para alcançar uma trégua.
O grupo palestiniano garante que está empenhado em trabalhar num acordo, mas Benjamin Netanyahu anunciou que Israel e os Estados Unidos vão procurar vias alternativas para resgatar os reféns que não passem pelo Hamas.
Guterres denuncia crise moral generalizada
O presidente Emmanuel Macron anunciou entretanto que a França vai reconhecer formalmente o Estado da Palestina em setembro, na Assembleia Geral da ONU. Será o primeiro país do G7 a fazê-lo, numa decisão que, sem surpresa, Israel e o aliado norte-americano já condenaram.
O secretário-geral das Nações Unidas afirmou esta sexta-feira não entender o nível de indiferença e inação de grande parte da comunidade internacional perante o sofrimento dos palestinianos em Gaza. António Guterres diz que é revelador de uma crise moral.