Liliana Reis e Bruno Cardoso Reis comentaram as palavras do secretário-geral da NATO que alertou para a importância do reforço do fornecimento de armamento para a Ucrânia. Analisaram ainda as mudanças no discurso da Rússia ao longo do último ano e as perspetivas para o futuro do conflito.
A reunião da NATO, que decorre em Bruxelas, terá como foco o reforço do envio de armamento europeu para a Ucrânia, após a recente intensificação das investidas russas no país.
Para Liliana Reis o “mais importante” e “urgente” neste momento é acelerar, por parte da NATO, a produção de munições e o envio de materiais militares, que não passa “exclusivamente” pelos aviões de combate, mas sim pela artilharia.
Capacidade de produção ditará “vantagem”
O comentador da SIC começou por referir que as recentes estimativas apontam para que a Rússia dispare 20 mil munições de artilharia diariamente, e que o exército ucraniano, por sua vez, dispare entre “sete a oito mil”.
Por este motivo, Bruno Cardoso Reis também entende que é fundamental que a NATO reforce o envio de material bélico, no entanto, notou que os países europeus estavam “menos preparados para a guerra” e que, por isso, o processo de reforço da sua capacidade de produção é mais demorado.
Capacidade de produção essa que ditará a “vantagem” de um dos lados conflito.
“Papel da NATO é igual ao da a Rússia”
Bruno Cardoso Reis abordou também as críticas que o Kremlin tem dirigido à NATO, ao acusar a Aliança de contribuir para o acentuar do ambiente hostil na Europa.
“O papel da NATO é igual ao que a Rússia já desempenhou em centenas de conflitos desde 1945, que é apoiar um dos beligerantes fornecendo equipamento militar, fornecendo armamento sem se evolver diretamente”, notou o comentador.
Por essa razão, referiu que o Governo russo “não tem credibilidade” de tecer este tipo de comentários relativamente à posição adotada pelos vários países europeus.
Um ano depois, Rússia não conseguiu “grandes vitórias”
O facto de o exército russo não ter alcançado “grandes vitórias” na Ucrânia ao longo do último ano, obrigou Putin a adotar diferentes discursos ao longo dos últimos meses.
Nesse sentido, Liliana Reis afirmou que o último relatório do Instituto do Estudo da Guerra alerta para o desvio da narrativa russa relativamente a um acordo de paz, e que o mesmo tem dois objetivos:
“Dissuadir o envio de capacidades militares para a Ucrânia” e "acomodar alguns parceiros no global sul", nomeadamente no Brasil, em Angola e na África do Sul.
A professora referiu que o Kremlin pretende assim passar a imagem de que "o esforço de guerra é feito pelo Ocidente, que a continua a alimentar" e que, por outro lado, há um "esforço para uma tentativa de paz" por parte da Rússia.
Ameaças russas
O Governo de Putin tem ameaçado, como já fez anteriormente, não prolongar “o acordo dos cereais” ucranianos e fechar as portas aos corredores que permitem a sua exportação. Segundo Bruno Bruno Cardoso Reis, “esse risco” é real, embora a pressão por parte da Turquia possa tornar-se decisiva.
O comentador notou ainda que o Kremlin tem mudado a sua posição quanto às sanções ocidentais, ao afirmar que “num dia não têm importância” e “no outro” devem terminar.
A Rússia apresenta assim, para o comentador, “um papel de vítima”, ao mesmo tempo que tenta anexar um território soberano.