Guerra Rússia-Ucrânia

ENVIADOS SIC

Equipa da SIC acompanhou o exército ucraniano na linha da frente contra o avanço das tropas russas

A SIC esteve muito perto das zonas de combate, entre a região de Dnipro e o Donbass, a acompanhar uma equipa de militares ucranianos. É nesta zona que as tropas russas estão a conseguir fazer avanços, enquanto do lado ucraniano se tenta travar o seu progresso. Os militares que vivem nas trincheiras passam a maior parte do tempo escondidos no bunker, para não serem detetados pelos drones russos, que sobrevoam constantemente a área.

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A ordem para disparar tinha chegado há poucos segundos. Têm todos de agir rapidamente. Os drones ucranianos perceberam que as tropas russas estavam a construir uma trincheira e um bunker. Os ucranianos quiseram destruí-la para tentar travar o avanço.

Receberam as coordenadas via rádio e, em menos de dois minutos, começaram a disparar. Foram feitos outros quatro disparos, através deste canhão enviado por países estrangeiros. Depois do ataque à distância, temos de recolher ao bunker por razões de segurança, porque o exército russo pode responder.

Só saem do bunker quando é mesmo necessário

Estamos a quatro quilómetros da frente de batalha, onde os militares ucranianos e russos disputam terreno.

"Tentamos não ficar muito tempo lá fora. Só vamos quando é mesmo necessário, só para ir à casa de banho ou para tomar banho, e só o fazemos quando é possível, quando a situação está mais calma, porque temos alguns ataques e também há drones de reconhecimento muitas vezes por aqui", explica um dos militares ucranianos.

Essa é a grande ameaça para os dois lados. Os drones de reconhecimento localizam o alvo e, a seguir, podem disparar. Quando estávamos prestes a começar uma das entrevistas, percebemos que havia um muito perto. A segurança aqui é sempre relativa.

Os cinco elementos desta equipa estão nesta posição há pouco mais de um mês. O nascer do dia faz aumentar o risco. Têm de estar ainda mais atentos sempre que precisam de estar fora do bunker. Estão colocados estrategicamente. Além de darem apoio às equipas que estão mais à frente no combate, têm uma ordem expressa.

"Temos diferentes alvos: pode ser disparar contra a artilharia do inimigo, a infantaria ou locais de lançamento de drones."
"Não temos escolha, porque há sempre colunas deles a pressionar e a avançar. Quando eles avançam, tentamos perceber onde ficaram e trabalhamos para destruir essa posição."

A brigada inteira, que está dividida em várias equipas por esta zona, diz que já destruiu, desde junho, mais de 100 canhões, mais de 90 drones e causou mais de 400 baixas no lado russo.

Combates intensos entre Dnipro e Donbass

Estamos muito perto da fronteira com o Donbass, mas ainda na região de Dnipro, onde as tropas russas já conseguiram entrar. Há um mês, aqui diz-se que já controlam oito aldeias desta região.

Chegámos ao local onde a equipa está ainda de madrugada. Demorámos quase cinco horas para chegar. O primeiro ponto de encontro foi num local isolado, já noite dentro. Iniciámos a viagem numa carrinha, por caminhos alternativos e em mau estado. Depois, fizemos nova paragem.

Dizem-nos que, por razões de segurança, temos de mudar de carrinha novamente. Percebemos que estávamos a chegar quando as luzes da carrinha se apagam e seguimos os últimos metros às escuras. Fomos logo encaminhados para o bunker, onde estava toda a equipa.

A saída foi mais arriscada, porque havia drones russos a vigiar as estradas e os campos. Os dias aqui são passados assim, sempre de olhos nos radares e no céu, para ver quando é que os drones aparecem, porque andam sempre à procura das posições uns dos outros para as destruir.

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