Invasão em Brasília

Invasão em Brasília: três deputados bolsonaristas investigados por "incitamento à violência e vandalismo"

Os três deputados são suspeitos de "incitamento a atos de violência e vandalismo" através de "publicações em redes sociais antes e durante as invasões".

Invasão em Brasília: três deputados bolsonaristas investigados por "incitamento à violência e vandalismo"
Eraldo Peres

O Ministério Público do Brasil pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que investigasse três deputados por "incitamento a atos antidemocráticos" na sequência do ataque às sedes dos três poderes em Brasília no domingo.

Numa declaração oficial divulgada na quarta-feira, a procuradoria pediu ao STF para investigar André Fernandes e a militar indígena Silvia Waiãpi, deputados do Partido Liberal (PL), a mesma formação do ex-presidente Jair Bolsonaro, e a também parlamentar Clarissa Tércio, do Partido Progressivo.

Segundo a petição, os três deputados são suspeitos de "incitamento a atos de violência e vandalismo" através de "publicações em redes sociais antes e durante as invasões", o que poderia constituir o crime de "incitamento público ao crime".

Para o Ministério Público, as alegadas ações dos congressistas foram uma "tentativa de abolir, com violência ou grave ameaça, o Estado de direito democrático, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais".

A invasão em Brasília

No domingo passado, milhares de apoiantes de Bolsonaro invadiram e vandalizaram a sede do Congresso, o palácio presidencial do Planalto e o STF, numa tentativa falhada de derrubar o atual Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva.

Num outro ato, o Ministério Público também pediu ao STF para investigar o governador do Distrito Federal de Brasília, Ibaneis Rocha, que foi afastado do cargo durante 90 dias, e o seu então secretário de segurança Anderson Torres, ex-ministro da justiça de Bolsonaro.

Torres, que foi destituído do cargo pelo próprio Rocha no mesmo dia dos ataques, tem um mandado de captura para ele. O ex-ministro, que está de férias nos Estados Unidos, já disse que regressará ao país para se entregar às autoridades.

Torres era responsável pela segurança pública na capital brasileira no domingo passado, quando os atos antidemocráticos tiveram lugar.

Autoridades brasileiras recolhem últimas provas no Supremo Tribunal Federal

Em Brasília, ainda decorrem as limpezas dos edifícios governamentais vandalizados no domingo. A Polícia retirou na quarta-feira as últimas provas do Supremo Tribunal Federal, como testemunhou a equipa de enviados da SIC a Brasília, o jornalista Bruno Castro Ferreira e o repórter de imagem, José Silva.

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Três dias depois da invasão e vandalização aos edifícios representativos da democracia no Brasil, o trabalho da polícia ainda não terminou. Esta quarta-feira, as autoridades recolheram as impressões digitais no Supremo Tribunal Federal, que serão comparadas com as dos detidos.

No Supremo Tribunal Federal, estão a trabalhar rapidamente para substituir toda a fachada do edifício, que é revestido em vidro. O objetivo é reparar tudo a tempo da abertura do ano judicial, a 1 de fevereiro.

Quase 1.500 seguidores do ex-Presidente Jair Bolsonaro foram presos por atos de vandalismo, que causaram extensos e graves danos aos três edifícios, depois de a polícia, apesar de uma reação tardia, ter conseguido retirar os manifestantes das sedes dos poderes.