O Presidente da China, Xi Jinping, expressou esta segunda-feira condolências à família de Jorge Sampaio, numa nota enviada à agência Lusa, recordado o antigo chefe de Estado português como um "amigo da China".
Xi recordou as "contribuições positivas" de Sampaio para o desenvolvimento das relações entre a China e Portugal.
"A China expressa profundas condolências pela infeliz morte de Sampaio", lê-se na mesma nota, enviada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.
Jorge Sampaio presidiu à transferência do exercício da soberania de Macau para a República Popular da China, em 20 de dezembro de 1999, ao lado do então Presidente chinês Jiang Zemin.
Na altura, o antigo chefe de Estado português destacou a importância da Declaração Conjunta Luso-Chinesa, assinada em 1987 entre os dois países, com "o compromisso firme de que os habitantes do território continuarão a gozar dos direitos, liberdades e garantias que são património da sua maneira de viver e fizeram a singularidade e a prosperidade" de Macau.
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Jorge Sampaio: uma vida em prol da liberdade e dos direitos humanos
Sempre discreto, nunca fez questão de reclamar a autoria de uma frase que se tornaria slogan da democracia portuguesa. A origem perdeu-se no tempo e na repetição, mas foi Jorge Sampaio que. pela primeira vez, colou ao 25 de Abril o advérbio de tempo que o fez para sempre.
Quando as sardas e a cor do cabelo lhe deram, na infância, a alcunha de cenoura, ainda ninguém podia adivinhar o furacão ruivo que viria a tornar-se na luta pela liberdade e pela democracia.
Jorge Fernando Branco de Sampaio, filho de um médico e de uma professora de Inglês, nasceu e cresceu em Lisboa, mas passou parte da infância nos Estados Unidos e em Inglaterra, onde a política o despertou pela primeira vez.
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Nem sempre foi bom aluno, chumbou algumas vezes e quis a suprema ironia que a pior nota no liceu tivesse sido na disciplina de Organização Política.
É já na Faculdade de Direito de Lisboa que vai a votos pela primeira vez. Ganha a presidência da associação de estudantes por apenas um voto. Bastou para um ano depois se tornar um dos grandes líderes da revolta estudantil de Lisboa, contra o regime de Oliveira Salazar.
A oposição à ditadura foi a primeira grande batalha da vida de Jorge Sampaio. Primeiro na rua, como estudante e mais tarde na barra do tribunal plenário de Lisboa, já como advogado.
O Partido Socialista só entra na vida de Jorge Sampaio em 1978. Um ano depois de se tornar militante foi eleito deputado, rapidamente passou a líder parlamentar e uma década mais tarde chegou à liderança do PS.
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Seguiram-se a Câmara de Lisboa e a Presidência da República. Em 2006, deixou Belém e foi escolhido pela ONU para ser enviado especial na luta contra a tuberculose.
Um ano depois, voltou a ser a escolha das Nações Unidas para um dos mais importantes cargos mundiais: o de Alto Representante para a Aliança das Civilizações.
Morreu esta sexta-feira, aos 81 anos.
