O salário mínimo vai subir no próximo ano e o Governo admite que o aumento seja superior a 30 euros, uma possibilidade que preocupa os patrões, mesmo os sindicatos refiram que existe margem para uma subida superior à anunciada.
O compromisso mantém-se: chegar a 2023 com o salário mínimo nacional nos 750 euros.
Por enquanto, está ainda nos 665, mas, em janeiro, haverá novo aumento.
"Queremos pelo menos que seja em linha com o ano passado, e no ano passado o aumento foi de 30 euros, e portanto procuramos fazer pelo menos um reforço dessa dimensão no próximo ano. Para dar um sinal ao setor privado que aumente não só o salário mínimo, mas, também, os restantes salários de todos os portugueses", aponta o ministro das Finanças, João Leão.
Patrões reticentes com a proposta
Os patrões não gostaram do que ouviram e acusam o Governo de ignorar os problemas do setor empresarial.
"O senhor ministro das Finanças mostrou um desprezo de todo o tecido empresarial ao nem sequer receber as cinco confederações patronais que apresentaram um conjunto de proposta para o Orçamento do Estado", diz o porta-voz das confederações patronais, João Vieira Lopes.
Os patrões estão disponíveis para negociar o aumento do salário mínimo nacional, mas dizem que não faz sentido manter a meta dos 750 euros até 2023.
"Podemos admitir que haja alguma compensação, tendo em conta o papel social que o salário mínimo tem, mas somos totalmente contra uma fixação por objetivos, seja políticos, seja por via administrativa do salário mínimo", continua.
Sindicatos defendem aumento... superior
Posição diferente é a das estruturas de trabalhadores.
"Infelizmente, para os patrões, nunca é altura de aumentar salários. Quando há crise é porque há crise, quando há crescimento económico, é porque é pouco o crescimento económico", diz Sérgio Monte, da UGT.
Os sindicatos consideram que estão reunidas todas as condições para um aumento, em janeiro, superior ao deste ano.
"50 euros, é aquilo que propomos para 2022, pelo facto do próprio Orçamento do Estado prever um aumento da economia de 5,5% no ano que vem", acrescenta.
"A proposta da CGTP é 850 euros no curto prazo e de 90 euros para todos os trabalhadores em 2022. Para as empresas, também é um investimento o aumento geral dos salários e do salário mínimo. Isto é que vai obrigar a melhorar a nossa economia", refere Isabel Camarinha, da CGTP.
O valor do salário mínimo é fixado pelo Governo, depois de ouvir os parceiros sociais, reunião que deve acontecer só em novembro.
O aumento que for definido para o próximo ano terá também impacto nas contas do Estado.
É que os funcionários públicos também podem ser aumentados além do previsto para acompanhar a tendência de crescimento do salário mínimo nacional.
Para já, o Governo prevê gastar, no próximo ano, 780 milhões de euros em mexidas remuneratórias na função pública.
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