Papa Francisco

Explicador

"Papa não centralizou em si o fenómeno religioso: 'Fala de Jesus, não fales de mim'"

De Barack Obama a Vladimir Putin, o Papa Francisco privou com dezenas de chefes de Estado e de Governo de todo o mundo. Denunciou conflitos armados, o capitalismo selvagem e até as políticas de Donald Trump. A análise ao legado do chefe da Igreja Católica com Carlos Mendes Dias.

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A notícia da morte de Francisco rapidamente gerou comoção em todo o globo. Líderes mundiais de diferentes latitudes e credos lamentaram a morte do Papa Francisco, que se tornou uma das figuras globais mais influentes e inspiradoras da atualidade, destacando-se pelo dialogo inter-religioso, pela justiça social, a defesa dos desfavorecidos, dos migrantes e das minorias.

No explicador desta segunda-feira, o coronel Carlos Mendes Dias analisa o legado do Papa Francisco, que mereceu o respeito de figuras de Trump a Putin, de judeus a ortodoxos ou muçulmanos, que lutou pelo fim da guerra na Ucrânia e que apelou à paz no Médio Oriente.

"É o primeiro Papa em muitas coisas, mas eu relevava particularmente o seguinte. Pouco depois de ter sido eleito, dá uma entrevista no Vaticano, a propósito do nome que adotou: Francisco.

E acaba a entrevista dizendo o seguinte: "Quem me dera ter uma igreja pobre para os pobres. E isto, do meu ponto de vista, é das coisas mais relevantes".

Contrariamente ao que muito defendem, o comentador da SIC considera que o Papa Francisco era erudito, embora sublinhe que a sua erudição era mais prática.

"Acho-o excecionalmente doutrinário porque esta pobreza vem de São Francisco de Assis. A senhora pobreza, que era encarada também pelo Papa, como um instrumento para a purificação necessária à habitação de Jesus em nós e para a comunhão, como deve ser com os outros.

É esta pobreza, o ser pobre e para os pobres, jesuítas que fazem o voto de pobreza. Isto é de altíssimo significado. Em segundo lugar, repare como que a palavra que ele mais diz é Jesus e depois repete uma série de vezes, amor, etc.", realça o comentador da SIC.

Carlos Mendes Dias refere ainda que o Papa Francisco "não centralizou em si o fenómeno religioso".

"'Fala de Jesus, não fales de mim' - Isto é um despojamento, mesmo do ponto de vista doutrinário, que muitos de nós e que muitas das pessoas que falam destas questões não têm", destaca.

A morte do Papa Francisco é o grande tema na análise do coronel Carlos Mendes Dias, esta segunda-feira, no habitual explicador do Jornal do Dia.