No julgamento do incêndio de Pedrógão Grande, o tribunal ouviu esta segunda-feira alguns dos que ficaram feridos no fogo há 4 anos e ouviu também familiares de várias vítimas mortais.
Na primeira pessoa, feridos e familiares das vítimas recordaram os detalhes do dia 17 de junho. Perante o coletivo de juízes e parte dos arguidos, alguns dos relatos transportaram o peso de quem estava a reviver o que se passou.
A esposa de uma das vítimas mortais fez questão de descrever ao pormenor, apesar das lágrimas, todas as memórias bem vivas da tarde e noite daquele sábado, desde a chamada telefónica em que pediu ao marido para regressar a casa ao tempo que passou abrigada no taque de Nodeirinho até ao momento em que foi à procura e acabou por encontrar o corpo do marido.
Antes, também os pais do bombeiro Gonçalo Conceição descreveram ao tribunal a aproximação do fogo a Castanheira de Pera e a mãe recordou que estava a caminho do quartel da corporação para oferecer ajuda, como era normal em dias de grandes incêndios, quando lhe contaram que o filho tinha sofrido um acidente.
Uma das 66 vítimas mortais do incêndio, Gonçalo Conceição foi sepultado fez esta segunda-feira quatro anos.
Comum a todos os testemunhos é a descrição do estado em que, na altura do incêndio, se encontravam as estradas na zona afetada: mato denso, árvores altas e muito perto das bermas.
No caso da estrada 236-1, o local onde se registou o maior número de mortes, foi descrito como uma zona que mais parecia um túnel com vegetação dos dois lados.
Veja também:
- Pedrógão Grande. Familiares de várias vítimas mortais foram ouvidos no tribunal
- Reconstrução das casas de Pedrógão Grande. Testemunha diz ter provas que não entregou à PJ
- Pedrógão Grande, o território esquecido quatro anos após o incêndio
- Pedrógão Grande: "Impossível" concluir reforma florestal em quatro anos, diz Patrícia Gaspar
- Pedrógão Grande. Membros da comissão técnica independente começam a ser ouvidos em tribunal
- Reconstrução em Pedrógão Grande. 28 arguidos respondem por cerca de 700 mil euros
- Julgamento de Pedrógão Grande. Autarca de Figueiró dos Vinhos recusa acusação de negligência