O exército moçambicano garante que assumiu por completo o controlo da Vila de Palma. A região foi alvo de uma série de ataques de jihadistas e assiste agora à fuga em massa de milhares de residentes.
O ritmo da caminhada é determinado pelo tempo que as feridas demoram a sarar. Denise João percorreu 100 quilómetros a pé com a filha, de oito anos, pela mão e o filho, de três, ao colo. Sem comer e a beber água do chão, mãe e filhos conseguiram chegar a um local onde estão a salvo. Mas continuam sem notícias dos familiares.
Os ataques à Vila de Palma começaram a 24 de março. Provocaram um número indeterminado de mortos e a fuga em massa da população. Quem sobreviveu ao massacre, revela agora detalhes perturbadores sobre os jihadistas.
Estima-se que haja dezenas de milhares de desolados, porém apenas 10 mil estão oficialmente registados. Sobreviveram à violência armada, mas enfrentam agora a ameaça da fome e de doenças, como a malária.
O exército moçambicano garante ter libertado nas últimas horas o último reduto dos jihadistas. Assegura que recuperou o controlo da vila. No entanto, poucos são os que admitem voltar.
A guerra arrasta-se há mais de três anos. Provocou mais de dois mil mortos e uma crise sem precedentes, que continua a ser pontuada por histórias de esperança.
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