Margarida Loureiro, do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados - ACNUR, diz que as pessoas, incluindo "muitas crianças", chegam a Pemba, em Moçambique, em "condições terríveis".
A responsável diz que estão traumatizadas, feridas e que precisam de cuidados médicos urgentes e apoio psicológico.
"Muitas viram familiares mortos e tiveram de se esconder durante dias no mato, sem comida nem água", acrescenta.
A responsável prevê que, se continuarem a chegar milhares de pessoas a Pemba, "não seja possível, com a mesma força e qualidade" ajudá-las. E diz que são necessários mais fundos porque "quanto mais pessoas, mais necessidades".
Na Edição da Noite, Margarida Loureiro explicou que o apoio tem sido dado sobretudo aos grupos mais vulneráveis, como crianças, mulheres que perderam os maridos, pessoas com deficiência e idosos.
A ONU fez um apelo à comunidade internacional para ajudar nesta crise humanitária que se vive em Moçambique, no entanto a resposta não chega para assistir nas bens básicos.
“Quando nós apelamos à comunidade internacional, aos doadores internacionais, lembramos que os 254 milhões que pedimos para 700 mil pessoas – para já – não é muito. Só 1% é foi financiado”, afirma.
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