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Mário Soares recorda "o amigo" Mandela como homem excecional que marcou o mundo

O antigo Presidente da República Mário Soares  recordou hoje "o amigo" Nelson Mandela como um homem excecional e uma figura  que conseguiu marcar o mundo inteiro. 

1995 - O presidente Mário Soares condecora, com a Ordem da Liberdade, o escritor chinês Ai Qing e Chen Yongyi, tradutor de "Os Lusíadas"
© Rafael Marchante / Reuters

"Foi um homem de liberdade, que lutou contra o colonialismo e defendeu  os valores da paz, da igualdade e da fraternidade", declarou Mário Soares,  numa homenagem em Lisboa ao antigo Presidente sul-africano, que morreu no  dia 05 de dezembro, aos 95 anos. 

Algumas dezenas de pessoas juntaram-se hoje na Igreja de St. George,  em Lisboa, para um tributo a Mandela, cerimónia promovida pela embaixada  sul-africana. 

No discurso proferido na cerimónia, Mário Soares lamentou que, no momento  da morte do herói da luta contra o 'apatheid', muitos tenham "tentado utilizar  a figura de Mandela". 

"No momento da sua morte, todo o mundo esteve ao seu lado, os bons e  os maus, os que lutaram por boas causas e os que não lutaram por boas causas.  Houve muita gente que quis utilizar Mandela. É triste, não se deve fazer  isso", afirmou o antigo Presidente português. 

Contudo, para Soares, quem não acredita nem partilha dos valores da  liberdade, da igualdade e a solidariedade não compreende nada do que foi  Nelson Mandela. 

"Tive a honra de ser seu amigo", declarou o antigo Presidente, recordando  que visitaram juntos "grande parte da África do Sul", quando ambos tinham  representavam os seus países. 

Da cerimónia de homenagem a Mandela que juntou líderes mundiais em África  do Sul, Mário Soares reteve a presença silenciosa dos responsáveis europeus.

"Não foi por acaso que estiveram representantes de todo o mundo, mas  os da Europa foram postos num sítio e ninguém falou. Não era útil que ninguém  falasse. Como europeu que sou, tenho pena que ocorresse, mas foi bem feito  ter ocorrido como ocorreu", declarou. 

O histórico socialista lembrou ainda o aperto de mão entre o Presidente  norte-americano, Barack Obama, e o chefe de Estado cubano, Raúl Castro,  considerando que foi "um gesto de paz extraordinário". 

"É preciso continuar o que Mandela nos ensinou", apelou Soares. 

Na homenagem promovida pela embaixada da África do Sul, em Lisboa, que  decorreu na Igreja anglicana de St. George, participaram embaixadores de  vários países, bem como o imã da Mesquita de Lisboa, David Munir. 

Lusa