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Cavaco diz que Portugal se orgulha de ter defendido a libertação dos presos políticos sul-africanos

O Presidente da República, Aníbal Cavaco  Silva, disse hoje que Portugal sempre defendeu a libertação dos presos políticos  sul-africanos no regime do 'apartheid', "incluindo Mandela", e que essa  posição "é uma honra".  

ANTÓNIO SILVA

Cavaco Silva esteve hoje durante cerca de sete horas em Joanesburgo,  onde, com mais de cinquenta chefes de Estado e de governo, assistiu ao memorial  a Nelson Mandela, o histórico líder sul-africano falecido na quinta-feira.

"Portugal honra-se de, ao longo do tempo, ter defendido a libertação  de todos os presos políticos na África do Sul, incluindo Mandela, como é  óbvio", disse Cavaco Silva, falando a jornalistas portugueses em Joanesburgo

Essa defesa foi feita "na União Europeia, na ONU, nos contactos bilaterais,  a princípio difíceis, depois, mais fáceis, com as autoridades da África  do Sul", recordou o Presidente português, na altura primeiro-ministro, referindo  que o diálogo de Lisboa com o regime do 'apartheid' começou a correr melhor  com Frederik de Klerk, o Presidente sul-africano que abriu as portas a um  governo da maioria negra.  

"A maior parte dos líderes europeus não estava convencida que esse era  o homem que teria que ser apoiado para desmantelar o 'apartheid' na África  do Sul e para libertar Nelson Mandela", recordou Cavaco Silva. 

A morte, na semana passada, de Mandela veio reavivar uma polémica de  1987, quando Cavaco Silva era primeiro-ministro, relativa ao voto de Portugal  na ONU, ao lado apenas dos Estados Unidos e do Reino Unido, contra a libertação  do histórico líder sul-africano então a cumprir uma pena de 27 anos de cadeia.

Cavaco Silva, disse nunca ter estado numa cerimónia como a realizada  no estádio FNB, no Soweto, arredores de Joanesburgo, de homenagem ao primeiro  Presidente negro do país.  

"De alguma forma, o mundo inteiro quis evocar a memória daquele que  considera um dos maiores estadistas do nosso tempo", considerou. 

 

Lusa