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Ministro francês condena "mentira permanente" da Rússia sobre a Síria

O ministro dos Negócios Estrangeiros francês condenou esta segunda-feira "uma forma de mentira permanente" da Rússia no conflito da Síria, acusando Moscovo de "fingir" combater o terrorismo enquanto deixa o Daesh retomar Palmira.

Ministro francês condena "mentira permanente" da Rússia sobre a Síria
© Omar Sanadiki / Reuters

Inquirido à chegada a uma reunião da União Europeia (UE) em Bruxelas sobre a ausência, até agora, de sanções europeias contra responsáveis russos no âmbito deste caso, Jean-Marc Ayrault disse "lamentar profundamente" o novo "fracasso" das conversações EUA-Rússia no sábado, na cidade suíça de Genebra.

"É um fracasso, porque há uma dupla linguagem e uma forma de mentira permanente" por parte dos russos, justificou.

"Por um lado, dizem: 'Nós negociamos, vamos negociar e alcançar um cessar-fogo', e depois, por outro lado, continuam a guerra -- e esta guerra é a guerra total, é a vontade de salvar o regime de Bashar al-Assad e de fazer cair Alepo, mas a que preço humanitário?", sustentou o chefe da diplomacia francesa.

"E, por fim, os russos, que fingem lutar contra o terrorismo, concentram-se de facto em Alepo e deixaram uma margem ao Daesh (acrónimo em árabe do EI), que está prestes a retomar Palmira, o que é totalmente simbólico!", prosseguiu.

Os 28 ministros dos Negócios Estrangeiros da UE debateram hoje, na sua reunião mensal, a Síria e a situação humanitária em Alepo, no norte do país, em vias de cair nas mãos do regime e seus aliados.

Os ministros não falaram de possíveis sanções contra os aliados de Assad, entre os quais a Rússia, segundo a chefe da diplomacia da UE, Federica Mogherini.

"Não, não discutimos quaisquer sanções e nenhum Estado membro pediu um debate suplementar sobre sanções", asseverou Mogherini à imprensa no final da reunião.

A hipótese de se impor sanções a responsáveis russos foi levantada numa reunião dos 28 em outubro, pouco depois do início da ofensiva aérea russo-síria aos bairros rebeldes de Alepo oriental.

Mas os dirigentes europeus, na sua cimeira de 20 e 21 de outubro, acabaram por se render à opinião daqueles que rejeitavam um tal cenário.

Na sexta-feira, Federica Mogherini, falando em nome dos 28 Estados membros, ameaçou aumentar mais uma vez a lista de responsáveis do regime de Assad que são alvo de sanções individuais da União Europeia (congelamento de bens, proibição de entrada).

Dessa lista constam já mais de 230 nomes, sem contar com os grupos e organizações visados.

Lusa