A Bielorrússia acusou esta quarta-feira França de "pirataria aérea" por negar a passagem pelo espaço aéreo francês de um avião da Belavia Belarusian Airlines que partiu de Minsk, capital bielorrussa, em direção a Barcelona, em Espanha.
"É um facto absolutamente escandaloso e um ato imoral. Honestamente, é praticamente pirataria aérea", disse, em comunicado, o porta-voz da diplomacia bielorrussa, Anatoly Glaz.
O incidente ocorreu três dias depois do desvio para Minsk de um avião da Ryanair que fazia a ligação entre Atenas, capital da Grécia, e Vílnius, capital da Lituânia, e consequente detenção do jornalista e opositor do regime bielorrusso Roman Protasevich, de 26 anos, e da namorada.
Nota divulgada pela Belavia dá conta de que as autoridades de aviação francesas "desativaram manualmente o plano de voo" poucos minutos depois da descolagem e não notificaram a companhia aérea.
Também esta quarta-feira, um voo da Air France, entre Paris, capital francesa, e Moscovo, capital da Rússia, foi "adiado" por causa das crescentes tensões entre Minsk e a comunidade internacional.
"O voo está, nesta fase, adiado para 27 de maio [quinta-feira] e uma nova avaliação vai ser feita na noite de hoje", explicitou à France-Presse (AFP) um porta-voz da companhia aérea francesa.
Costa considera que Bielorrússia ultrapassou todas as linhas vermelhas e saudou sanções impostas pela UE
António Costa considera que a Bielorrússia ultrapassou todas as linhas vermelhas ao desviar um avião civil para deter um jornalista opositor do regime.
O regime do Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, tem medo da democracia, diz Costa, que sublinha que à luz da lei internacional e da proteção dos direitos humanos o que aconteceu é uma ação inaceitável.
O primeiro-ministro saudou as sanções impostas pela União Europeia e exigiu a libertação dos prisioneiros politicos.
A NATO apoia as sanções impostas pela União Europeia e exigiu a libertação imediata do jornalista e de todos os presos políticos. E defende uma investigação internacional independente para apurar responsabilidades.

Exibido vídeo da namorada do jornalista Roman Protasevich, também detida
Um dia depois de Roman Protasevich, esta quarta-feira foi a vez da televisão estatal da Bielorrússia exibir um vídeo da namorada do jornalista, também detida e sujeita a acusações graves por parte das autoridades de Minsk.
Depois do vídeo com uma suposta confissão do jornalista antirregime detido pelas autoridades, foi a vez da companheira, a russa Sofia Sapega de 23 anos, também exilada e detida gravar um vídeo sob custodia.
A viverem na vizinha Polónia, os pais de Roman Protasevich temem que as marcas analisadas no vídeo do jornalista publicado na véspera denunciem práticas de tortura por parte das autoridades bielorrussas.
Além do risco da violência, Protasevich e Sapega podem arriscam uma pena de 15 anos de prisão.
Ouvida por videochamada no Parlamento Europeu, a líder da oposição no exílio diz que estão a ser preparadas grandes protestos dentro e fora da Bielorrússia contra o regime de Lukashenko, que diz, que governa um estado comparável à Coreia do Norte em plena europa.
O presidente do país, Alexander Lukashenko, afirmou que o desvio do avião para a Bielorrússia não foi para prender os opositores ao regime, mas para evitar uma catástrofe semelhante à de Chernobyl.
Numa sessão perante parlamentares e altos cargos transmitida pela televisão da Bielorrússia, o Presidente defendeu que agiu na legalidade, depois de receber uma ameaça de bomba no avião da Ryanair, supostamente colocada pelo Hamas.
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