Apesar de inicialmente ter rejeitado o rótulo, a chanceler alemã, Angela Merkel, tornou-se um ícone feminista após 16 anos no poder. Aos 67 anos, é líder de um partido conservador, num panorama político ainda dominado por homens.
Em 2017, Merkel afirmou que não se considerava feminista: "Não me quero enfeitar com um título que não tenho", disse a chanceler na altura. Foram necessários quatro anos de ponderação para mudar de posição. À beira da saída da liderança da Alemanha e sem que algo o fizesse prever, Merkel assumiu-se feminista.
"Pensei muito na minha resposta e posso dizer: Sim, devemos ser todas feministas", revelou num evento com Chimamanda Ngozi Adichie, autora nigeriana cuja palestra no TED chamada "Devemos ser todas feministas" se tornou viral.
Para a ativista Alice Schwarzer, Merkel mostrou do que é capaz com dignidade e determinação, uma postura que lhe valeu a admiração por parte de mulheres de todo o mundo.
"O próprio facto da sua existência é uma afirmação feminista", disse a ativista alemã Alice Schwarzer à agência Reuters.
Quando foi eleita chanceler, Merkel recebeu duras críticas por parte do seu antecessor, que não a considerava capaz de liderar a Alemanha. Mas a história recente conta-nos o contrário: Merkel não só foi capaz de conduzir o país ao longo de várias crises, como ainda poderá ultrapassar o ex-mentor Helmut Kohl ao tornar-se a chanceler há mais tempo no cargo - isto se a formação do novo Governo demorar a acontecer.
Várias mulheres e meninas entrevistadas pela Reuters consideram que o legado de Merkel é relevante num país onde os papéis tradicionais de género estão a mudar lentamente.
"Ela fez muito para abrir o caminho para outras pessoas, agora é completamente normal ver mulheres candidatas a chanceler. E nem sempre foi assim", afirmou Maria Luisa Schill, moradora da cidade universitária de Freiburg.
Lia, de 9 anos, quer seguir os passos de Merkel e sonha ser chanceler um dia. A sua mãe Nancy acrescentou: "(Merkel) tem muita força e influência em muitas pessoas, especialmente, em mulheres".
A chanceler vai deixar o cargo após 16 anos. As eleições deste domingo ditarão quem poderá vir a ser o novo líder do país. Até à formação do novo Governo, que se prevê que demore alguns meses, Merkel vai continuar a gerir a quarta maior potência mundial.
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