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EUA classificam medicamento veterinário misturado com fentanil como "ameaça emergente"

A xilazina foi aprovada para uso veterinário em 1971. Às vezes conhecida como "tranq", tem aparecido nos últimos anos em drogas ilícitas utilizadas por humanos em grandes quantidades.

EUA classificam medicamento veterinário misturado com fentanil como "ameaça emergente"
Jacquelyn Martin

Os Estados Unidos classificaram um tranquilizante veterinário como uma "ameaça emergente", quando misturado com o poderoso opiáceo sintético fentanil, num esforço para impedir a propagação da xilazina.

Rahul Gupta, diretor do gabinete da política para o controlo nacional de drogas, realçou que a xilazina tornou-se cada vez mais comum em todas as regiões dos Estados Unidos, noticiou a agência Associated Press (AP).

Este medicamente foi detetado em cerca de 800 mortes relacionadas com drogas nos EUA em 2020, a maioria no nordeste. Em 2021, estava presente em mais de 3.000 mortes, a maioria no sul, de acordo com um relatório divulgado no ano passado pela Drug Enforcement Administration.

"Não podemos ignorar o que estamos a ver. Devemos agir e agir agora", frisou Gupta.

O que é a xilazina?

A xilazina foi aprovada para uso veterinário em 1971. Às vezes conhecida como "tranq", tem aparecido nos últimos anos em drogas ilícitas utilizadas por humanos em grandes quantidades.

Acredita-se que seja adicionado a outras drogas para aumentar os lucros. As autoridades estão a tentar entender quanto é desviado de usos veterinários e quanto é feito de forma ilícita.

A droga faz com que a respiração e os batimentos cardíacos diminuam, às vezes até níveis mortais, e causa abcessos e úlceras na pele que podem exigir amputação. A ressaca também é dolorosa.

Embora seja frequentemente utilizado em conjunto com o opiáceos, incluindo fentanil e drogas ilícitas relacionadas, fabricadas em laboratório, este medicamento não é um opiáceo e não há antídotos conhecidos.

Os planos para combater a propagação da droga

Gupta referiu que o seu gabinete está a solicitar 11 milhões de dólares (cerca de 10 milhões de euros) como parte do seu orçamento para desenvolver uma estratégia de combater à propagação da droga.

Os planos incluem desenvolver um antídoto, aprender mais sobre como o medicamento é introduzido no fornecimento de drogas ilícitas para que possa ser interrompido e investigar se o Congresso deve classificá-lo como uma substância controlada.

Gupta sublinhou que este medicamento precisa de estar disponível para uso veterinário, apesar da repressão à utilização por humanos.

Também alertou que os sistemas para detetar a droga e os dados sobre onde está a ser utilizada necessitam de ser melhorados.

Droga faz parte de uma crise de overdoses que assola os EUA

Os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos EUA estimam que mais de 107.000 pessoas morreram de overdose entre novembro de 2021 e novembro de 2022.

Antes de 2020, o número de mortes por overdose nunca tinha superado 100.000.

A maioria das mortes está associada ao fentanil e outros opiáceos sintéticos.

Como a xilazina, estes costumam ser adicionados a outras drogas e os consumidores nem sempre sabem que as estão a consumir.