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Entrevista SIC Notícias

Cessar-fogo em Gaza: "Os timings estabelecidos são mais uma declaração de intenção do que uma realidade de facto"

Em entrevista na SIC Notícias, o comandante João Fonseca Ribeiro explica que todas as ações de Israel estão neste momento "sob um escrutínio enorme da comunidade internacional e em particular dos Estados Unidos".

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Israel negou esta manhã a existência de um cessar-fogo com o Hamas a Sul de Gaza para a entrada de ajuda humanitária e saída de estrangeiros pela fronteira com o Egito. O comandante João Fonseca Ribeiro, do Observatório de Segurança e Defesa da SEDES, considera que "a qualquer momento, tanto essa fronteira pode abrir", como podem ocorrer "ações militares próximas".

"Não podemos descurar a circunstância de que o Hamas também colocou barricadas nessa zona e, por isso, tudo isso tem que ser tratado com pinças", diz João Fonseca Ribeiro, que explica também que "as negociações estão em curso" e que os "os timings estabelecidos são mais uma declaração de intenção do que uma realidade de facto, no que vai acontecer ou não".

"A colocação das forças israelitas em torno da Faixa de Gaza neste momento constituem também e mais uma demonstração militar do que pode vir a seguir, porque o assalto das forças terrestres ainda não ocorreu. No entanto, as operações estão em curso e continuam a ser atacados alvos, supostamente militares", acrescenta, em entrevista na SIC Notícias à jornalista Mónica Martins.

Próximos passos de Israel e risco de alastramento do conflito

Para o comandante João Fonseca Ribeiro, Israel não perderá qualquer oportunidade de identificar e eliminar os alvos militares do Hamas, ainda que "todas essas ações neste momento estejam sob um escrutínio enorme da comunidade Internacional e em particular dos Estados Unidos, que assumiu numa forma nunca vista aquilo que é a garantia de segurança que oferece a Israel há anos".

A preocupação maior está centrada no Hamas e nos reféns e na contenção do que pode ser a ameaça do Hezbollah e do Irão.

"Os Estados Unidos têm dado sinais muito fortes de que poderão fazer uma intervenção caso o Irão avance com iniciativas militares",

O comandante João Fonseca Ribeiro, do Observatório de Segurança e Defesa da SEDES, realça a dimensão do problema da escalada e internacionalização do conflito.

"Nota-se que os Estados sunitas da região, nomeadamente o Egito, tem uma preocupação em conter a situação, em encontrar uma solução para o povo palestiniano, mas, ao mesmo tempo, a tentar eliminar a existência do Hamas", porque pelas ligações que o grupo tem à Irmandade Muçulmana, "não interessa aos Estados soberanos sunitas do Médio Oriente, que este grupo promova uma revolução islâmica, através do radicalismo".

"Por outro lado, ao Irão interessa muito que essas negociações não tenham lugar, porque simplesmente o Irão pretende a disrupção do Médio Oriente através da sua revolução islâmica e da internacionalização da sua revolução islâmica, quer com grupos xiitas instalados no Governo da Síria, no Hezbollah do Líbano e também dos grupos radicais que consegue financiar e que têm uma base sunita", explica João Fonseca Ribeiro.