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Impasse no Médio Oriente: EUA e UE tentam "comprometer vários atores regionais"

Liliana Reis, professora de Relações Internacionais, analisa os últimos desenvolvimentos na crise no Médio Oriente, onde EUA e UE procuram "envolver os atores regionais para promover o desanuviamento das tensões" e "o compromisso com a solução futura".

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Realiza-se esta terça-feira uma reunião extraordinária do Conselho Europeu, a guerra entre Israel e o Hamas deverá dominar grande parte do encontro. O Presidente dos Estados Unidos viaja esta quarta-feira para Telavive. Joe Biden vai encontrar-se com o primeiro-ministro israelita e também com o líder da Autoridade Palestiniana. Estes são temas em destaque na análise de Liliana Reis, professora de Relações Internacionais.

Numa altura em que nem avança o corredor para retirar estrangeiros, nem a ajuda humanitária, espera-se pela incursão terrestre, mas ao mesmo tempo tenta-se que sejam libertados os reféns que estão em Gaza, Liliana Reis explica este momento de impasse no Médio Oriente.

"As decisões a serem tomadas são muito difíceis. O impasse do ponto de vista da operação militar que se que se espera por parte de Israel está a ser condicionada em grande medida, quer pelos Estados Unidos, mas também pela União Europeia, porque procuram nesta fase o resgate dos reféns, mas também a não escalada do conflito".

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, convocou no sábado uma cimeira extraordinária para esta terça-feira tendo em conta que "a tragédia que se está a desencadear tem muitas consequências para a Europa".

Na convocatória aos chefes de Estado e de Governo da UE, afirmou que "as trágicas cenas" que ocorrem na Faixa de Gaza como consequência do cerco israelita e "a falta de bens essenciais, combinado com a destruição provocada pelos graves bombardeamentos, estão a fazer soar os alarmes na comunidade internacional".

O político belga alertou na carta que o conflito "poderia ter consequências graves para a segurança" das sociedades europeias e que se não for gerido "com cuidado" pode "alimentar o extremismo" ou impulsionar "vagas migratórias em direção à Europa".

"A carta que Charles Michel enviou destaca não apenas a necessidade de proteção a de todos os palestinianos, ou seja, a proteção de todos os civis, mas também a proporcionalidade e o respeito pela pela lei humanitária", refere Liliana Reis.

"Há um entendimento de que nesta nesta fase é preciso envolver os atores regionais para promover o desanuviamento das tensões, por um lado, mas também, por outro lado, o compromisso com a solução futura", sublinha.

A deslocação do Presidente norte-americano ao Médio Oriente vai também nesse sentido, daí o encontro previsto com o líder da Autoridade Palestiniana.

"Joe Biden neste momento procura e também, tal e qual como a União Europeia, é engajar, empenhar e comprometer vários atores regionais e, sobretudo, a Autoridade Palestiniana para a futura governação política e a solução de dois Estados", explica a professora de Relações Internacionais.

Em entrevista ao programa "60 Minutes", do canal CBS, Biden reafirmou a política oficial dos EUA, segundo a qual só a criação de um Estado palestiniano em convivência com o Estado israelita poderá abrir caminhos à paz na região. Contudo, o Presidente norte-americano lembrou que não é isso que está em cima da mesa "neste momento" no lado israelita.