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Erupção do Sol lança jato de plasma a mais de 200 mil quilómetros

Um premiado astrofotógrafo argentino conta à SIC Notícias como captou impressionantes fotos do Sol com o auxílio de telescópios em Terra.

Erupção do Sol lança jato de plasma a mais de 200 mil quilómetros
eduardoschaberger.ar

O premiado astrofotógrafo argentino Eduardo Schaberger partilhou nas suas redes sociais as suas mais recentes e impressionantes fotografias do Sol. Em entrevista à SIC Notícias revelou os principais desafios de fotografar a nossa estrela a 150 milhões de quilómetros de nós.

Eduardo Schaberger é um apaixonado pelo cosmos mas é o Sol que mais o fascina desde criança. O astro-rei tem sido o seu modelo fotográfico preferido e que lhe tem valido inúmeros prémios de fotografia.

A 18 de fevereiro deste ano, captou erupções solares a lançar plasma a 200 mil quilómetros no espaço – mais da metade da distância entre a Terra e a Lua.

“Hoje, minutos antes do meio-dia, consegui capturar um acontecimento incrível: uma explosão que lançou um jato de plasma a mais de 200 mil km de altura do polo sul do Sol. Um evento raro, já que a maioria das explosões ocorre perto do equador solar. A coluna de plasma era tão grande que tive que girar a câmara para enquadrá-la. Em seguida, girei a imagem novamente durante a edição para renderizá-la na orientação correta. Foi realmente um espetáculo maravilhoso”.

Como é possível capturar tantos detalhes do sol tão distante?

Embora o Sol esteja realmente muito distante - 150 milhões de quilómetros-, também é extremamente grande, diz o astrofotógrafo argentino.

“Da Terra, o Sol parece ter o mesmo tamanho aparente da nossa Lua, e é por isso que ocorrem os eclipses solares. Este facto permite capturar fotografias detalhadas do Sol”.

Desafios de fotografar uma estrela “magnífica e poderosa”

Fotografar o Sol é complicado, devido à enorme energia emitida, explica Eduardo Schaberger. É preciso muito cuidado porque pode cegar o fotógrafo, avisa.

“O principal desafio reside na gestão da enorme energia emitida pelo Sol, que é amplificada por um telescópio. Esta amplificação torna-a muito perigosa se não forem utilizados filtros apropriados”.

Schaberger fotografou o Sol com um telescópios sensíveis ao hidrogénio, o que revela texturas e detalhes invisíveis a olho nu.

“Nesta fotografia em particular, usei uma combinação de dois telescópios especialmente concebidos para observação solar. Estes telescópios, equipados com filtros sofisticados, permitem-nos observar uma camada da atmosfera solar invisível aos nossos olhos, conhecida como cromosfera”.

Para quem se interessa por astrofotografia, aqui ficam os detalhes mais técnicos dos instrumentos que Eduardo Schaberger utilizou para esta fotografia em concreto:

“Utilizei um telescópio Coronado Solarmax II com abertura de 90 mm e um telescópio de pilha dupla Coronado Solarmax III com abertura de 60 mm. As câmaras que usei são câmaras astronómicas especializadas: uma QHY 5-III 678M e uma ZWO 183MM”.

A coroa solar e os violentos ventos solares

A coroa é a atmosfera externa do Sol que tem uma temperatura de milhares de graus centígrados. Tem uma natureza dinâmica, como é o caso de erupções ou ejeções de massa coronal.

O gás, conhecido como plasma, está em constante movimento, movido e acelerado pelas alterações do campo magnético do Sol. Os arcos de plasma brilhante são mantidos no mesmo lugar por laços de magnetismo que irromperam do interior do Sol em direção à coroa.

O Sol lança um vento solar de partículas que atravessa o Sistema Solar - responsáveis pelas bonitas auroras boreais na Terra. Sabe-se que tem origem na coroa, mas como acontece precisamente ainda não é conhecido e investigar esse fenómeno é um dos principais objetivos científicos da sonda Solar Orbiter, colaboração internacional entre a ESA e a NASA, operada pela ESA.

O Sol está atualmente a aumentar a atividade para um pico, conhecido como máximo solar, que será atingido em 2025.