Uma moeda de ouro com mais de 2.200 anos, que representa a rainha egípcia Berenice II, foi descoberta nas escavações do parque de estacionamento de Givati, no Parque Nacional da Cidade de Davi, em Jerusalém.
A Autoridade de Antiguidades de Israel diz, em comunicado, tratar-se da primeira moeda deste tipo a ser encontrada em contexto arqueológico organizado, sendo conhecidos apenas 20 exemplares em todo o mundo.
Datada de 246 a 241 a.C., durante o reinado de Ptolomeu III, marido da rainha, a peça é um quarto de dracma cunhado em ouro quase puro (99,3%).
A parte da frente da moeda apresenta a imagem detalhada de Berenice II, com tiara, véu e colar, enquanto na parte de trás, uma cornucópia ladeada por estrelas, símbolo de fertilidade e prosperidade, acompanhada da inscrição grega “Basileisses” (“da Rainha”), um indício do reconhecimento do poder político próprio da soberana.
Acredita-se que a moeda tenha sido cunhada em Alexandria, no Egito, como parte de pagamentos especiais a soldados envolvidos na Terceira Guerra Síria (246–241 a.C.).
“Vi algo a brilhar no solo e, de repente, percebi que era uma moeda de ouro. Não acreditei de imediato e em segundos estava a correr animada pelo local”, contou a arqueóloga que participava na escavação Rivka Langler.
O diretor da escavação, Yiftah Shalev, sublinha que a presença da moeda em Jerusalém oferece uma visão inédita da cidade durante o período helenístico.
“Até agora, pensava-se que Jerusalém, após a destruição do Primeiro Templo, era pequena e marginal. Esta moeda mostra que, no século III a.C., a cidade estava a ser revitalizada e mantinha contactos com centros políticos e económicos da época”, explicou.
A moeda será exibida este mês durante a 26.ª Conferência Anual de Pesquisa da Cidade de Davi.
Amihai Eliyahu, ministro do Património de Israel, realçou que, embora o objeto seja pequeno, tem um "significado histórico extraordinário" para compreender a história de Jerusalém.