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Diretor do FBI em discussão acesa com senadores democratas que o acusam de não estar "apto" para o cargo

Senadores democratas acusam Kash Patel de não ter condições para se manter no cargo, que age por motivação política e de forma pouco cautelosa, nomeadamente no que diz respeito à detenção do primeiro suspeito da morte de Charlie Kirk.

Diretor do FBI em discussão acesa com senadores democratas que o acusam de não estar "apto" para o cargo
Julia Demaree Nikhinson/AP

O diretor do FBI, Kash Patel, entrou esta quarta-feira em confronto com os senadores democratas que questionaram o seu profissionalismo e o acusaram de parcialidade na sua liderança da polícia federal dos EUA.

A troca de acusações aconteceu durante a audição perante a Comissão de Justiça do Senado (câmara alta do Congresso), poucos dias após o anúncio prematuro da detenção do suspeito da morte de Charlie Kirk. Patel é acusado de ter politizado o FBI e ter usado a agência federal como instrumento de vingança contra supostos adversários do governo Trump.

No que diz respeito à investigação da morte de Charlie Kirk, a atuação do diretor do FBI foi colocada em cheque por ter anunciado prematuramente a detenção de um alegado suspeito de ter matado o ativista conservador, passando por cima das autoridades locais e agindo contrariamente à atuação das mesmas que primavam por serem muito mais cautelosas.

Depois desse anúncio, teve de voltar atrás, anunciando que o suspeito tinha sido ilibado de todas as acusações e libertado. Só horas mais tarde foi detido aquele que agora é o principal suspeito, Tyler Robinson. Patel defendeu-se assumindo que "poderia ter-se expressado com mais cautela", mas negou ter cometido "um erro".

Despedimentos no FBI por retaliação política?

A tensão aumentou durante uma discussão sobre as demissões do FBI com o senador Adam Schiff a acusar Patel de despedir por retaliação política.

"Está a dizer que nunca demitiu ninguém do FBI, total ou parcialmente, por causa de uma atribuição de caso anterior?", perguntou Schiff, fazendo posteriormente referência a quem trabalhou na investigação contra Trump ou quem trabalhou em 6 de janeiro (ataque ao Capitólio). Patel rejeitou.

Numa queixa civil apresentada na semana passada, três funcionários do FBI, demitidos abruptamente em agosto, afirmam ter sido disciplinados, em privado, por se oporem à demissão de agentes cuja única infração foi serem considerados insuficientemente alinhados com as prioridades do novo Governo ou terem sido denunciados publicamente pelos apoiantes do presidente republicano.

Um deles, Brian Driscoll, diretor interino do FBI durante o primeiro mês de Donald Trump no cargo, até à tomada de posse de Kash Patel, afirma ter tentado em vão dissuadi-lo de despedir um agente.

"O FBI tentou prender o presidente e ele não se esqueceu", respondeu Kash Patel, afirmando que era obrigado a despedir todos os que trabalharam no processo criminal contra Donald Trump antes da sua eleição para manter o seu emprego, de acordo com a queixa.

Discussão sobre caso Epstein resvala para... "palhaço político"

A autoridade de Patel tem também sido minada por uma parte da base de apoio do Presidente Donald Trump que o critica, bem como à procuradora-geral Pam Bondi, pela condução do caso de Jeffrey Epstein, criminoso sexual que morreu na prisão em agosto de 2019, antes do seu julgamento por exploração sexual.

"Vocês prometem divulgar o ficheiro Epstein, mas agora mantêm-no em segredo. Anunciam a detenção de um suspeito de um homicídio grave e 'ups!'... Já não têm um suspeito", ironizou o senador democrata Cory Booker.

Cory Booker e Patel envolveram-se numa discussão acesa, tendo esta viralizado nas redes sociais, com os dois a acusarem-se mutuamente de dividir o país.

"Por causa das suas falhas de liderança, não acho que o senhor esteja apto a liderar o departamento", disse Booker.

Ainda no âmbito do caso Epstein, outra troca de acusações - em que Patel ridicularizou o senador democrata Adam Schiff após várias perguntas sobre as demissões por motivos políticos e por lidar mal com a divulgação dos arquivos de Jeffrey Epstein - acabou com o diretor do FBI a acusar Schiff de ser um "palhaço político".

"A maior fraude" e o anúncio de falta de provas no caso Epstein

Patel acusou ainda Schiff de ser "a maior fraude a sentar-se no Senado dos Estados Unidos" após este ter afirmado: "Provámos inúmeras vezes que você [Patel] é um mentiroso no 'Russiagate', no dia 6 de janeiro [ataque ao Capitólio]."

No caso Epstein, Patel defendeu o anúncio conjunto feito em julho pelo Departamento de Justiça e pelo FBI de que não tinham descoberto quaisquer novas provas no caso que justificassem a divulgação de documentos adicionais.

Este anúncio irritou a ala conspiracionista do movimento MAGA ("Make America Great Again", "Engrandecer de Novo a América", o principal 'slogan' de Trump]), de que Kash Patel é próximo e que esperava revelações sensacionalistas no caso Epstein.

Com Lusa

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