Joe Berardo foi detido, esta terça-feira, em conjunto com o seu advogado no âmbito de uma investigação aos créditos ruinosos da Caixa Geral de Depósitos (CGD). José Gomes Ferreira vê com bons olhos que a justiça esteja a funcionar, mas considera que é preciso “fechar o círculo” e incluir no processo os responsáveis pela aprovação dos empréstimos.
“A justiça deveria também ir ao quadro de administradores da altura da CGD e perguntar “então quem foram os administradores e diretores de crédito que concederam estes créditos?” Nós sabemos que os presidentes de administrações não põem lá as suas assinaturas, escudam-se, mas alguém tem de assinar. Eu estranho que o nosso sistema de justiça vá só a quem recebeu o dinheiro”, disse em análise na SIC Notícias.
José Gomes Ferreira lembra que o património empresarial de Joe Berardo, do ponto de vista económico não produz “rendimentos para pagar as dívidas” e, por isso, coloca uma pergunta: “Porque é que quem lhe concedeu [crédito] não foi ver se havia garantias reais?”
A resposta segue logo a seguir: “Lá está a tal relação privilegiada com o primeiro-ministro de então [José Sócrates] que mandava nos bancos. Estamos no primado da política”.
“Somam mil milhões de euros que não foram pagos. Estamos a falar de muito dinheiro concedido a apenas um empresário, sem garantias, ou no caso em que existiam garantias terá havido burla do próprio de ir diminuindo o valor dessas garantias”, acrescenta o diretor de informação.
O “erro” de Joe Berardo
Jose Gomes Ferreira reconhece que, no caso de Joe Berardo, a justiça está a atuar com celeridade. E identifica uma razão para isso:
“Joe Berardo cometeu um erro do ponto de vista pessoal e empresarial: ir ao Parlamento ironizar com todos os portugueses. E o Parlamento sentiu-se ofendido e as instituições finalmente acordaram, nomeadamente alguns protagonistas da área da justiça. E fizeram alguma coisa. Deviam tê-lo feito com todos os outros devedores da banca que são muitos e que continuam impunes a passear-se pelas lojas de luxo da Avenida da Liberdade e nas lojas de luxo de paris e nova Iorque”, remata o jornalista.
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