O advogado da família do trabalhador que morreu atropelado na autoestrada A6 pelo carro que transportava o ministro da Administração Interna disse esta quarta-feira que a zona tem grande visibilidade, mas "não há sequer uma travagem no local".
"Não se percebe porque é que o [condutor do] carro não viu o obstáculo [o trabalhador] à sua frente com tanta visibilidade e tanto tempo para poder reagir", disse à agência Lusa José Joaquim Barros, argumentando que "não há sequer uma travagem no local".
Segundo o advogado, o local onde ocorreu o acidente, em 18 de junho, na A6 perto de Évora, "não é exatamente uma reta", tem "uma curva muito ligeira à esquerda", mas é uma zona que "tem uma visibilidade muito grande, seguramente superior a um quilómetro".
Além disso, sublinhou, as obras de manutenção em curso no local quando ocorreu o acidente "estavam devidamente sinalizadas e o trabalhador ia também devidamente equipado, com calças e colete refletores".
Sobre eventuais imagens de videovigilância do local do acidente, José Joaquim Barros manifestou-se esperançado que existam:
"Não sei ainda, admito que sim e quase me atreveria a afirmar que sim, porque o acidente ocorreu a dois quilómetros da saída Norte para Évora".
Para o advogado, essas eventuais imagens de videovigilância "podem vir a ser um elemento muito importante, caso as coisas não se resolvam consensualmente", como disse esperar que venham a resolver-se.
José Joaquim Barros notou que "ainda é cedo" para se constituir como assistente no inquérito aberto pelo Ministério Público (MP) para apurar as circunstâncias da morte do trabalhador, mas disse querer "consultar o processo logo que seja possível".
Testemunha fala em "velocidade louca"
Um dos colegas de Nuno Santos, o trabalhador que morreu na A6, garante que o carro do ministro da Administração Interna ia em excesso de velocidade.
Em declarações ao Correio da Manhã, o funcionário que testemunhou o acidente fala numa "velocidade louca" e diz que o impacto foi brutal.
Refere que o ministro e o motorista nunca saíram do carro. Reitera ainda que a obra estava sinalizada e que Nuno Santos tinha colete refletor.
CABRITA RECUSA FALAR SOBRE ACIDENTE
O ministro da Administração Interna recusou-se esta quarta-feira a falar sobre o acidente na autoestrada A6.
Eduardo Cabrita, que acompanhava o Presidente da República numa visita à Unidade Especial de Polícia da PSP, em Belas, Sintra, não prestou declarações aos jornalistas, mesmo quando questionado sobre o acidente que envolveu o carro em que seguia, no dia 18 de junho.
"Não é de todo o momento adequado", disse Eduardo Cabrita.
As declarações do ministro foram feitas após Marcelo Rebelo de Sousa afirmar as jornalistas que o essencial era apurar a matéria de facto sobre o acidente.
"Para mim, o essencial é a matéria de facto. E haverá quem vá investigar a matéria de facto, há várias instâncias que se encarregam de investigar a matéria de facto para diversos efeitos", disse o chefe de Estado com o ministro da Administração Interna ao lado.
O Presidente da República referiu que este "acidente infelizmente teve consequências mortais num cidadão" e afirmou que "as autoridades investigam, quem quer que seja que vá dentro do veículo automóvel e quem quer que seja o cidadão que seja atingido".
A Brisa desmentiu na terça-feira o Ministério da Administração Interna, garantindo que estava devidamente sinalizado o local onde ocorreu o acidente que envolveu o carro no qual seguia Eduardo Cabrita.
Em entrevista à SIC, o advogado da família da vítima mortal assegura também que o trabalhador tinha colete.