A empresa a quem Miguel Alves entregou mais de 300 mil euros foi criada unicamente para o projecto que nunca saiu do papel. Não poderia, por isso, ter a robustez financeira que Miguel Alves diz ter verificado, robustez tal que o convenceu a avançar com o negócio.
Ricardo Moutinho é o dono da firma Green Endogenous, a quem Miguel Alves entregou 300 mil euros em troca de promessas.
Quando deu explicações sobre o negócio, o atual secretário de Estado Adjunto garantiu que foi pedindo provas da robustez financeira que o levaram a avançar. Mas à data do negócio, a Green Endogenous tinha sido criada há apenas oito meses, não tinha um único funcionário nem tinha realizado qualquer negócio.
Ricardo Moutinho era o único administrador e o único nome que até hoje se conhece associado à empresa. Passados dois anos, a firma regista um único movimento financeiro de 175 euros, em serviços externos, e tem uma dívida de igual valor.
Numa entrevista ao Expresso, Ricardo Moutinho gaba-se de estar ligado a mais de 500 empresas pelo mundo. Só como sócio gerente, Ricardo Moutinho aparece à frente de 19 empresas.
Com base nos dados dos relatórios estruturais divulgados pela revista Visão e a que a SIC também teve acesso, nenhuma destas 19 empresas dá sinais de lucro.
Nem lucro, nem negócio. E a grande maioria está sem registo de atividade comercial. A Oxygen Capital, por exemplo, foi declarada insolvente e a Etapas Avulso, uma das poucas com sinais de vida, tem 23 processos em tribunal.