O presidente da Câmara de Espinho, Miguel Reis, e os outros quatro arguidos detidos por suspeitas de corrupção foram esta quarta-feira presentes a tribunal.
Uma fonte da investigação revelou à SIC que as provas recolhidas nos últimos meses são relevantes e não oferecem dúvidas em relação à prática dos crimes económico-financeiros.
Só assim foi possível, através de um mandado judicial, avançar com as duas dezenas de buscas e surpreender Miguel Reis e os outros quatro arguidos às primeiras horas da manhã desta terça-feira.
As diligências investigatórias, que incluíram escutas telefónicas e operações de vigilância, duraram vários meses e permitiram também chegar a Joaquim Pinto Moreira, vice-presidente do grupo parlamentar do PSD e ex-autarca de Espinho, cujo mandato, entre 2009 e 2021, está agora sob suspeita.
A SIC sabe, no entanto, que Joaquim Pinto Moreira só não foi detido porque goza de imunidade parlamentar, estatuto que o atual presidente da Câmara de Espinho, eleito pelo Partido Socialista, que o sucedeu no cargo, em 2021, não tem.
Miguel Reis, obrigado a pernoitar nos calabouços da PJ, é suspeito de receber contrapartidas em troca do favorecimento de algumas empresas, como a construtora Pessegueiro cujo editor executivo encontra-se igualmente detido.
Questionado pela SIC, o grupo imobiliário com sede em Espinho, remeteu-se ao silêncio e não respondeu ao pedido de esclarecimentos.
Em causa neste inquérito estão os indícios de corrupção ativa e passiva, prevaricação, abuso de poder e tráfico de influências através de operações de licenciamento urbanístico para a construção de hotéis e habitações de luxo.
Entre os detidos estão ainda José Costa, atual chefe da Divisão de Obras do município, o arquiteto João Rodrigues e Paulo Malafaia, um outro empresário do setor imobiliário.
Todos os detidos foram presentes a tribunal esta quarta-feira, mas ainda não conhecem medidas de coação.