Um inquérito do Grupo Euroconsumers revela que a maior parte dos portugueses está a ultrapassar uma fase adversa financeiramente, o que se traduz numa menor qualidade de vida pelos cortes de consumo que fazem, nomeadamente na energia e alimentação.
O estudo feito em dezembro de 2022 pela organização europeia de defesa do consumidor, da qual a DECO faz parte, e que incidiu em indivíduos com idades entre os 25 e 74 anos, apresenta dados reveladores no que diz respeito à alteração de hábitos de consumo dos portugueses e às consequências que essas alterações podem ter.
Tendo em conta a inflação, 60% dos portugueses afirmou viver em condições financeiras mais frágeis face ao início do ano.
Tal fragilidade reflete-se no aumento da percentagem de portugueses que chegava ao fim do mês sem dinheiro, tendo subido de 26% para 30% de janeiro a dezembro do ano passado.
Tendo isso em conta, 31% dos portugueses ainda tenta ajustar os gastos para não chegar ao fim do mês sem dinheiro. Essa gestão é feita em praticamente todas as dimensões:
- alimentação
- atividades culturais
- férias e viagens
- energia
- atividades de lazer e desportivas
- saúde
No entanto, é no setor alimentar e energético onde os portugueses tentam poupar mais. Quase todos os portugueses mudam os seus hábitos nestas duas áreas: 91% e 93%, respetivamente.
Esta mudança é necessária para a gestão do dinheiro dos portugueses, mas têm consequências nefastas na sua qualidade de vida. 41% dos inquiridos confessou que a alteração de consumo relativamente à energia gerou desconforto na sua casa e 43% assume ter uma pior alimentação.
Face a estas revelações a diretora de Comunicação e Relações Institucionais da DECO, que faz parte do grupo que conduziu o estudo, salienta que a situação “é um sinal claro de que o ano de 2023 vai ser um desafio para uma grande parte da população portuguesa” e que os consumidores sentem que “os esforços têm sido maioritariamente feitos por eles”.
As causas
As subidas das taxas Euribor, o aumento dos custos da energia e do gás, aumento dos preços de bens alimentares, pelo aumento do custo da matéria prima são todos fatores para uma melhor gestão financeira por parte dos portugueses e, inevitavelmente, leva a uma pior qualidade de vida.
O Instituto Nacional de Estatística confirmou esta quarta-feira que o Índice de Preços no Consumidor (IPC) registou uma variação média anual de 7,8%, em 2022, “significativamente acima da variação registada no conjunto do ano 2021 (1,3%)”.