Tiago Correia, comentador SIC e professor de saúde internacional analisa a situação do SNS, nomeadamente a dificuldade em tratar dos seus problemas estruturais e da exoneração do diretor de Obstetrícia.
O PSD, nomeadamente Luís Montenegro, considera que o SNS à beira de colapsar, mas Tiago Correia não acha que é assim tão simples
"É uma afirmação bastante forte e não acredito que esteja à beira de colapsar, mas que está a lidar com problemas estruturais não é uma novidade. Por ventura eu discordo com o PSD, no sentido que é preciso novas soluções", esclarece.
Para o comentador, a existência direção executiva já é "tentar fazer diferente ao passado"; por isso o problema não está aí.
"Está um problema de indefinição política, de tomar decisões estruturais, como na negociação das carreiras médicas, sem um acordo e tem de se avançar para novas soluções, o outro é a falta de estatutos da direção executiva do SNS, que são a forma de inscrever na lei os procedimentos", relata Tiago Correia.
No que diz respeito ao caso de Santa Maria, com a exoneração diretor de Obstetrícia e Ginecologia, no âmbito de uma requalificação do hospital com uma nova maternidade, podem-se avizinhar tempos mais complicados na conjugação de esforços para o verão no sistema de rotatividade.
"Nós estamos a falar de um investimento em equipamento no hospital de Santa Maria que está a funcionar desde de raiz e à luz de hoje estava desatualizado e era necessário procurar soluções para maior segurança. Tudo isto são boas notícias, o que isto nos diz é que enquanto existem estas alterações é necessário que os profissionais se adequem", explica o comentador SIC.
Para Tiago Correia, é importante verificar se os profissionais já estão a desconfiar sobre as exigências da direção executiva do SNS, sendo que o ministério tem de responder de volta no sentido a irem ao encontro de ambas as necessidades e vontades.
O diretor de Obstetrícia, Ginecologia e Medicina de Reprodução do Centro Hospitalar Lisboa Norte, Diogo Ayres de Campos, foi afastado por questionar o projeto de restruturação no Hospital de Santa Maria e a colaboração com o S. Francisco Xavier.
O ministro da Saúde considerou uma boa decisão fazer obras de requalificação do bloco de partos, mas lamentou que essa "coisa boa" se transforme numa "notícia negativa".
A SIC teve acesso a uma carta enviada por 34 dos 37 médicos do departamento de obstetrícia do hospital Santa Maria à administração. Nela, dão conta de várias preocupações, como as obras de remodelação do serviço, orçadas em seis milhões de euros.