Os enfermeiros querem começar a prescrever ajudas técnicas, como cadeiras de rodas e andarilhos, e competências para receitar alguns medicamentos. A Ordem dos Médicos está contra e diz que é um tema que não faz sentido.
Do outro lado da fronteira, a lei começou a mudar em abril. Espanha aprovou um anteprojeto de lei que vai permitir alargar a emissão de receitas de medicamentos a enfermeiros e fisioterapeutas.
Em Portugal, os enfermeiros dizem ainda ser um assunto tabu, mas querem começar a dar os primeiros passos nesse sentido.
Luís Filipe Barreira, bastonário da Ordem dos Enfermeiros, explica que a ideia é iniciar a prescrição ao nível das ajudas técnicas. “Temos que avançar para a implementação desta prática mais avançada. Já é uma tendência global”, defende.
Reino Unido, Suécia, Dinamarca, Noruega, França e Holanda são países europeus onde os enfermeiros já estão autorizados a prescrever medicamentos, alguns limitados a certo tipo de fármacos, outros a supervisão médica.
"Não é prioridade", dizem Médicos
Ainda assim, a Ordem dos Médicos afirma que este é um tema inoportuno para o momento que o país atravessa.
“Queremos que o SNS tenha uma maior resposta, queremos diminuir os tempos de espera para cirurgia, para as primeiras consultas. Esses é que são os verdadeiros problemas do país”, declara Carlos Cortes, bastonário da Ordem dos Médicos.
“Não vemos que seja oportuno, neste momento, as profissões andarem a querer sobrepor-se a competências de outras profissões. Não é a prioridade”, insiste. “Estamos num momento até de instabilidade, na sequência das eleições, em que vamos ter, ou não, uma nova tutela da Saúde.”
A Ordem dos Enfermeiros reconhece a existência de outras prioridades, mas garante que o alargamento de competências poderia ajudar na resolução de outros problemas.