Economia

Setor dos transportes marca 15 dias de greve e uma manifestação nacional

Os sindicatos no setor dos transportes decidiram  hoje avançar com uma manifestação nacional e com uma quinzena de greves  em protesto contra a proposta de Orçamento do Estado (OE) para 2014, apresentada  na terça-feira. 

(Lusa/Arquivo)
MIGUEL A. LOPES

"Vamos fazer uma quinzena de greves a começar a 25 de outubro e terminar  a 8 de novembro e vamos convocar trabalhadores e reformados para uma manifestação  nacional a realizar em Lisboa a 9 de novembro", disse José Manuel Oliveira,  coordenador da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (FECTRANS),  afeto à CGTP. 

Numa reunião conjunta entre a CGTP, UGT e sindicatos independentes,  os trabalhadores decidiram ainda exortar os deputados a reprovarem o OE,  a pedirem ao Tribunal Constitucional a sua fiscalização preventiva e a realizar  uma nova reunião a 08 de novembro. 

As primeiras greves agendadas são as dos CTT, a 25 de outubro, e as  da Transtejo e Soflusa, de 02 a 09 de novembro, três horas por turno. 

"As restantes serão anunciadas até 21 de outubro", indicou José Manuel  Oliveira. 

Os trabalhadores estão contra as medidas do OE que resultam em reduções  salariais, concessão das empresas públicas de transporte a privados e redução  das indemnizações compensatórias, entre outras. 

Para José Manuel Oliveira, a proposta do OE para 2014 "vai ter implicações  muito grandes ao nível dos rendimentos, do trabalho extraordinário, dos  subsídios de refeições e ao pagamento do horário noturno". 

Relativamente à diminuição das compensações indemnizatórias, o dirigente  sindical disse não ter dúvidas que "vai colocar em causa a qualidade, a  segurança, a fiabilidade do serviço prestado e vai ter implicações muito  graves para os utentes porque irão pagara aquilo que o Estado deixará de  pagar". 

Por seu lado, Sérgio Monte, presidente do Sindicato dos Trabalhadores  dos Transportes (SITRA), filiado na UGT, alertou que a redução dos salários  acima dos 600 euros pode atingir ordenados mínimos. 

 "Neste setor  (os cortes salariais) podem começar em salários base muito  perto do salário mínimo. Estamos num setor de muitas retribuições variáveis  como trabalho suplementar, noturno e outros que, por esse efeito, podem  chegar aos 600 euros e começar com cortes de 2,5% preconizado no OE", afirmou.

Sérgio Monte disse ainda "não ter dúvidas" que a vontade do Governo  é "acabar com todo o setor empresarial do Estado" porque "estão em marcha"  as privatizações das empresas.  

Para o sindicalista, um exemplo disso é a privatização dos CTT, "uma  empresa com mais de 500 anos, que dá lucro de cerca de 50 milhões de euros  por ano e vai ser vendida por 600 milhões de euros. É uma opção meramente  ideológica", frisou. 

Lusa