Desde o primeiro dia em Belém, foi sempre evidente a forte ligação do Presidente da República à Igreja. O chefe do Estado rejeita, no entanto, que a fé católica do cidadão Marcelo Rebelo de Sousa influencie a intervenção presidencial.
Logo na primeira semana de mandato sobressaiu a militância católica do Presidente quando escolheu o Vaticano como destino simbólico da primeira visita oficial. Também no segundo mandato, Marcelo foi confrontado com o peso da fé nas intervenções presidenciais: o veto repetido à lei da eutanásia foi um deles.
Os abusos sexuais de menores na Igreja Católica vieram agora marcar as declarações públicas do Presidente da República. Em julho, quando foi noticiado o alegado encobrimento de D. Manuel Clemente, Marcelo disse que “pessoalmente” não acreditava que o bispo de Lisboa tivesse intenção de ocultar crimes.
Dois meses depois, já o Presidente se desdobrava novamente em explicações ao tentar justificar o telefonema em que avisou D. José Ornelas de que era visado numa denúncia de encobrimento de abusos sexuais.
Esta terça-feira, o comentário aos números divulgados pela comissão independente que investiga os abusos sexuais valeu-lhe várias críticas. Mais tarde nesse dia, argumentou que tinha sido mal interpretado e que nem percebia porquê.