Joe Biden fez o primeiro discurso depois da retirada oficial das tropas norte-americanas do Afeganistão. Miguel Monjardino, analista de política internacional, comenta as palavras do Presidente norte-americano e o tom que o Presidente utilizou.
“O que me chamou mais a atenção no seu discurso não foi tanto o que o Presidente disse, mas mais o tom com que falou: um tom bastante agressivo e duro”, disse o comentador à Edição da Noite da SIC Notícias.
Para Miguel Monjardino, Biden “precisa desesperadamente de mudar a história para a sua agenda doméstica”, tendo sido essa a justificação, segundo o analista, para o tom usado pelo Presidente norte-americano.
Além disso, o comentador destaca os momentos em que Biden enalteceu o sucesso da operação de retirada dos norte-americanos e civis que ajudaram as tropas internacionais e em que apontou a responsabilidade para o Governo afegão.
“Eu diria que o Presidente acentuou – em função das suas necessidades domésticas – aquele que considera ser o sucesso logístico da operação de evacuação de civis. Atribui grande parte da responsabilidade daquilo que aconteceu sobretudo ao Presidente afegão que abandonou o país no dia 15 e ao colapso do seu Governo”, acrescentou.
Sobre as promessas do Chefe de Estado para continuar a defender o interesse norte-americano, mas à distância, Miguel Monjardino considera-se cético.
“Só será possível haver ataques precisos norte-americanos contra os terroristas identificados pela administração Biden se alguém no terreno fizer o trabalho que precisa de ser feito nestas circunstâncias. Eu pessoalmente sou muito cético em relação à capacidade tecnológica de qualquer país levar a cabo este tipo de missões de reconhecimento e de ação sem ter agentes no terreno”, rematou.
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