Pelo menos 50 pessoas morreram e 140 ficaram feridas esta sexta-feira numa explosão numa mesquita de Konduz, no Afeganistão. O atentado acontece no dia em que as Nações Unidas nomeiam um relator especial para monitorizar os direitos humanos no Afeganistão.
Repetem-se os episódios de violência desde que os Talibã tomaram o poder no Afeganistão. Este domingo, uma bomba explodiu junto à mesquita Eid Gah, em Cabul, provocando a morte de pelo menos dois civis.
Tortura, perseguição e execuções
Sucedem-se também os relatos de execuções de civis, perseguições a minorias e a afegãos que colaboraram com as forças estrangeiras ou com o Governo anterior. Há quem fale de prisões arbitrárias, tortura, espancamentos e bloqueio de ajuda humanitária. A retirada quase total dos direitos das mulheres e o silenciamento da imprensa livre.
Os Talibã avançam para a transformação do Afeganistão num "emirado islâmico", ao mesmo tempo que procuram a aprovação da comunidade internacional que lhes poderá trazer os dólares de que necessitam para desbloquear a economia em colapso.
Com o objetivo de ajudar a travar a erosão dos direitos humanos no Afeganistão, a ONU aponta um relator especial sobre o Afeganistão que irá para o terreno em marco do próximo ano e será apoiado por especialistas em análise jurídica, perícia e direitos das mulheres.
A Amnistia Internacional saudou a decisão, afirmando que um mecanismo de investigação internacional independente com poderes para documentar e recolher provas para futuros processos será fundamental para garantir justiça no país.
A organização acusa os Talibã de violações dos direitos humanos que podem constituir crimes de guerra, incluindo o assassinato de civis e soldados que se renderam.
Até ao momento, os Talibã não foram reconhecidos por nenhum Governo, mas o Comissário das Nações Unidas para Refugiados tem apelado a formas de entendimento com os extremistas.
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