Na reunião desta terça-feira do Infarmed, os especialistas avisaram que as próximas semanas vão ser muito difíceis. Concluiram também que os dados mostram que nas últimas semanas, sobretudo a partir do Natal, os portugueses relaxaram muito e não foram tão cuidadosos.
Em dias de convívio familiar, a tendência foi para baixar a guarda no que toca ao uso de máscara.
"Tínhamos uma melhoria ao longo do tempo, este é talvez dos indicadores mais preocupantes que foi agora identificado no nosso barómetro, mas nas últimas semanas inverteu", afirma Carla Nunes, diretora da Escola Nacional de Saúde Pública
Nas vésperas de Natal e passagem de ano, os portugueses movimentaram-se mais nos espaços de lazer e no pequeno comércio. Quase tanto como faziam antes da pandemia. Tudo fatores que contribuíram para o aumento expressivo de novos casos de covid-19.
"Atualmente estamos com uma trajetória fortemente crescente, atingindo já um máximo histórico da incidência cumulativa", explica André Peralta Santos, da Direção-Geral de Saúde.
Nesta altura há 871 novos casos por 100 mil habitantes.
"O concelho mais crítico neste momento é o de Viana do Castelo. Na última semana houve um crescimento de 69%, muito acelerado e com a agravante de não ser um crescimento associado à faixa etária dos 80 ou mais anos. Ou seja, não está associado a surtos em lares", sublinhou Óscar Felgueiras, da faculdade de Ciências da Universidade do Porto.
Os especialistas ouvidos esta terça-feira no Infarmed explicam que também o índice de transmissibilidade aumentou nas últimas semanas. Está acima de 1, o que significa que um doente com covid-19 está, em média, a infetar mais do que uma pessoa.
O epidemiologista Henrique Barros revela que "há três vezes mais pessoas com sinais de infeção do que aquelas que a manifestaram e que ela foi diagnosticada. O que quer dizer que quando nós hoje estamos a ver 10 mil casos por dia, na verdade, provavelmente, estarão a ocorrer 30 mil"
Desses, muitos continuam a manifestar sintomas, mesmo depois de terem alta médica. Os mais comuns são fadiga, fraqueza muscular e tonturas.