O Brasil ultrapassou, esta terça-feira, as 4.000 mortes diárias devido à covid-19, o valor mais alto desde início da pandemia. Com os serviços de saúde em colapso, os especialistas preveem que o país ultrapasse a onda de mortes registada nos Estados Unidos, em janeiro.
Segundo dados do Ministério da Saúde brasileiro, mais de 337.000 pessoas morreram devido à infeção por covid-19. Este valor é apenas ultrapassado pelos Estados Unidos, que superou as 555.000 mortes. No entanto, o Brasil caminha a passos largos para ultrapassar os Estados Unidos nesta lista, mesmo tendo apenas dois terços da população norte-americana.
Enquanto os Estados Unidos aumentam sucessivamente a taxa de vacinação da população, o colapso dos sistema de saúde brasileiro contribui para um aumento significativo do número de mortes. Para além disso, o Governo brasileiro continua a recusar a adoção de medidas de controlo da pandemia, como o uso obrigatório de máscara e o confinamento.
O Brasil é já considerado o epicentro da pandemia. Segundo uma análise realizada pela Reuters, uma em cada quatro mortes diárias associada com a covid-19 acontece no Brasil.
“É uma reação nuclear que desencadeou uma reação em cadeia e está fora de controlo. É uma Fukushima biológica”, diz à Reuters Miguel Nicolelis, médico brasileiro e professor na Universidade Duke, referindo-se ao acidente nuclear de Fukushima, no Japão, em 2011.
Novas variantes contribuem para aumento de casos
Esta terça-feira, foram reportadas 4.195 mortos associadas à covid-19, o valor mais elevado de óbitos desde o início da pandemia. Desde o final de fevereiro, que os valores diários têm vindo a atingir sucessivos recordes. A existência de variantes do novo coronavírus, que são mais contagiosas, tem contribuído para a propagação da doença.
De acordo com o boletim epidemiológico referente a terça-feira, difundido pelo Ministério da Saúde, o Brasil registou ainda 86.979 novos casos de infeção pelo novo coronavírus, num total de 13.100.580 diagnósticos desde a chegada da covid-19 a solo brasileiro, em fevereiro do ano passado.
Com os dados difundidos esta terça-feira pela tutela da Saúde, a taxa de incidência da doença no país, que atravessa agora o seu momento mais critico da pandemia com sucessivos recordes de casos e óbitos, ascendeu a 160 mortes e 6.234 casos por 100 mil habitantes.
São Paulo, foco da pandemia no país, bateu um novo recorde de mortes por covid-19 ao registar 1.389 óbitos em 24 horas, elevando o total de vidas perdidas para 78.554, naquele que é o Estado mais rico e populoso do país.
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