As medidas de contenção da pandemia voltam a estar em cima da mesa. Com o aumento dos casos em Portugal, o Governo já admitiu a possibilidade de aplicar medidas para “salvar o Natal”. Bernardo Gomes, médico de saúde pública, considera que é preciso atuar rapidamente com medidas não restritivas.
Em entrevista à Edição da Tarde da SIC Notícias, o especialista considera que é possível "fazer um planeamento antecipado com medidas não restritivas" – tais como o financiamento de testes rápidos, a promoção de boas práticas ao nível da ventilação de espaços fechados, a aceleração do processo de vacinação e a melhoria da comunicação aos portugueses.
“Porque é que não pensamos já no alargamento do financiamento dos testes rápidos? Isso não é uma medida que tenha de ser aconselhada por peritos em determinada área”, afirma.
Bernardo Gomes lembra que “um Rt de 1,15 quer dizer que duplicamos os casos em menos de um mês, um Rt 1,25 quer dizer que triplicamos os casos”. Sublinha, no entanto, a importância do papel das vacinas, que estão a fazer com que “os internamentos evoluam de uma forma mais lenta” do que os novos casos.
“O que realmente me está a afligir é janeiro, ou seja, projetarmos no tempo, pensando nesta taxa de progressão e com um evento acelerador de transmissão, como é o Natal. Vai dar um janeiro difícil. Pode não ser tão difícil como o janeiro de 2021, mas se nós estamos a ver – e perdoem-me a analogia – uma casca de banana à distância, porque é que não temos nós o esforço de fazer um pequeno desvio e corremos menor risco de cair do que estarmos depois com o esforço todo de nos levantarmos de uma queda?”
Sobre a evolução dos mecanismos de proteção e tratamento da covid-19 – como uma vacina que capaz de bloquear a transmissão do vírus ou um medicamento que pode atuar contra a doença – Bernardo Gomes considera que são notícias que permitem “olhar para 2022 com otimismo”.
No entanto, faz uma ressalva: “Acho que poderíamos olhar para este inverno com outro otimismo caso tivéssemos aprendido todas as lições – e não aprendemos, claramente.”
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