Guerra Rússia-Ucrânia

Análise

Rússia sem Putin "poderá ser mais instável, mais insegura, mais imprevisível"

Na análise à instabilidade política na Rússia, Bruno Costa, professor de Ciência Política, realça as "dúvidas sobre os passos a adotar" e as "profundas divisões na cúpula dos leais conselheiros de Putin".

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Continua a haver muitas dúvidas quanto ao paradeiro de Prigozhin. Na terça-feira, o Presidente da Bielorrússia anunciou a chegada do líder do grupo Wagner ao país, mas aumentam agora os rumores de que terá viajado de novo para Moscovo. O objetivo será negociar com o Kremlin a transferência dos combatentes do grupo Wagner para a Bielorrússia. Lukashenko já declarou que serão bem-vindos todos os paramilitares russos. Bruno Costa, professor de Ciência Política, faz a análise das últimas informações relativas à instabilidade política na Rússia.

A liderança de Vladimir Putin está em causa? Bruno Costa defende que, pelo menos, existem "algumas dúvidas sobre os passos a adotar".

"Creio que estaremos aqui a assistir a profundas divisões também na cúpula dos leais conselheiros de Vladimir Putin, relativamente aos passos a adotar".

O professor de Ciência Política explica que as dúvidas se colocam a vários níveis, por um lado em relação à identificação dos que estiveram ao lado de Prigozhin, por outro em relação àqueles que sabiam destas movimentações e nada fizeram.

Há ainda outras questões que continuam sem resposta, como a do "destino a dar a cerca de 20.000 a 25.000 mercenários do grupo do Grupo Wagner".

Vladimir Putin procura transmitir "um sinal de visibilidade de unidade" para o público em geral, mas também para o Ocidente.

Uma Rússia sem Vladimir Putin poderá ser mais instável, mais insegura, mais imprevisível, em virtude de vários fatores, seja pelo controlo das armas nucleares. Não sabemos efetivamente quais são os objetivos, não só do Grupo Wagner, mas também de todos os outros grupos que atuam à volta do Kremlin”.

“O espaço será essencialmente daqueles que querem uma solução alternativa a Vladimir Putin nas próximas eleições do Kremlin”, considera Bruno Costa.

O professor de Ciência Política lembra que “na Rússia, na Federação Russa, a oposição tem muita dificuldade de se afirmar, muita dificuldade também de transmitir posições diferentes àquelas que são as do regime, seja pela via dos meios de comunicação social, seja pela via das manifestações, que acabam por ser reprimidas”.