O sismo de magnitude 7,8 na escala de Richter que atingiu o sul da Turquia e o norte da Síria esta segunda-feira poderá tornar-se um dos mais mortíferos da última década, de acordo com sismólogos.
Reunimos neste artigo algumas perguntas e respostas sobre o fenómeno sismológico, que já fez milhares de vítimas, para que possa compreender melhor o que aconteceu e o que deve acontecer nas próximas horas e dias.
Onde foi registado o epicentro do sismo?
O epicentro deste sismo foi registado a cerca de 26 quilómetros a este da cidade turca de Nurdagi e a cerca de 18 quilómetros de profundidade, na falha sísmica de Anatólia oriental.
No século XX, a falha geológica de Anatólia oriental praticamente não registou atividade sísmica.
“Se estivéssemos a falar apenas de abalos detectáveis pelos sismógrafos, os registos estariam praticamente limpos”, disse à Reuters Roger Musson, investigador na agência sísmica britânica.
No entanto, os registos não estão completamente “limpos”, já que no século XIX, em 1822, um sismo de magnitude 7,0 na escala de Richter abalou fortemente esta região (sul da Turquia e norte da Síria) e matou cerca de 20 mil pessoas.
Quão forte foi o sismo desta segunda-feira?
De acordo com a Reuters, em média, não chegam a ser registados 20 sismos acima da magnitude de 7,0 por ano. Isto torna o abalo desta segunda-feira um evento sismológico severo.
Comparado, por exemplo, com o sismo de 6,2 que atingiu Itália em 2016 e provocou 300 mortos, o abalo desta segunda-feira na Turquia e na Síria libertou cerca de 250 vezes mais energia, explicou à Reuters Joanna Faure Walker, do Instituto britânico para a Redução do Risco de Catástrofes.
Porque foi este sismo tão severo?
A falha sísmica de Anatólia oriental é uma falha transcorrente - também conhecida como falha horizontal. Neste tipo de falhas, mais comuns quando há o encontro de duas placas tectónicas (como é o caso da falha de Anatólia oriental), os dois blocos movem-se horizontalmente, libertando uma quantidade de energia tão grande que pode desencadear um terramoto.
A falha de San Andreas, na Califórnia, será, porventura, uma das mais conhecidas deste tipo - transcorrente ou horizontal - com os cientistas a avisarem que já era suposto ter ocorrido um sismo “catastrófico” naquela região há muito tempo.
Para além do tipo de falha no qual teve origem, o sismo desta segunda-feira foi especialmente forte devido à curta profundidade a que ocorreu.
“O abalo foi mais forte do que teria sido se o sismo tivesse ocorrido a uma profundidade maior”, explicou à Reuters David Rothery, geólogo britânico.
O que se pode esperar nas próximas horas e dias?
Onze minutos depois do sismo desta segunda-feira, a região foi atingida por uma réplica de 6,7 de magnitude. No final da manhã, um novo sismo de magnitude 7,5 atingiu o sudeste da Turquia, que também foi sentido na Dinamarca e na Gronelândia. Já durante a tarde, foi registada outra réplica de 6,0.
“A atividade sísmica está a espalhar-se para as falhas vizinhas. É esperado que continue durante algum tempo”, afirmou o investigador Roger Musson.
À data da publicação deste artigo, este sismo provocou cerca de 3.500 mortes, das quais 2.500 na Turquia e as restantes mil na Síria. Mas os especialistas acreditam que o número continuará a subir.
“Não vai ser bom. Serão milhares ou até dezenas de milhares”, afirmou Roger Musson.
Este sismo é o maior na Turquia desde o terremoto de 17 de agosto de 1999, que causou a morte de 17.000 pessoas, incluindo mil em Istambul.