Violência em Moçambique

Deslocados pela violência em Palma chegam a outras localidades em choque, desidratados e feridos

Relato é dos Médicos Sem Fronteiras.

Deslocados pela violência em Palma chegam a outras localidades em choque, desidratados e feridos
LUÍS MIGUEL FONSECA

Os milhares de deslocados pela violência em Palma estão a chegar a outras localidades moçambicanas em choque, desidratadas, feridas, algumas em estado crítico.

A descrição é dos Médicos Sem Fronteiras que está a prestar assistência e tratamento na península de Afungi, e noutras localidades da província de Cabo Delgado, após a violência dos últimos dias em Palma, onde a organização internacional ainda não conseguiu ainda chegar.

"Estas pessoas perderam tudo, não têm teto, roupa, nem o que comer"

O cenário de conflito em Moçambique é chocante, mas não é novo, admite Joana Martins, dos Voluntários Anónimos de Moçambique, uma organização que tem distribuido alimentos e que tem montada uma plataforma de "perdidos e achados" para encontrarem pessoas que estão desaparecidas.

A organização construiu uma lista com 2.500 pessoas que foram dadas como desaparecidas, com base essencialmente em dados de empresas, uma vez que Palma é uma zona de desenvolvimento no projeto de gás. Até ao momento, foram resgatadas 1.700 pessoas, mas estima-se que esta quarta-feira sejam confirmados mais resgates.

A organização considera essencial mobilizar ajuda internacional para que se possa evitar uma crise humanitária ainda maior. Os deslocados perderam tudo, ficaram sem casa, sem roupa e sem comida. "Tudo o que há é insuficiente", argumentou Joana Martins. É necessária também ajuda para pôr fim ao conflito.