Os milhares de deslocados pela violência em Palma estão a chegar a outras localidades moçambicanas em choque, desidratadas, feridas, algumas em estado crítico.
A descrição é dos Médicos Sem Fronteiras que está a prestar assistência e tratamento na península de Afungi, e noutras localidades da província de Cabo Delgado, após a violência dos últimos dias em Palma, onde a organização internacional ainda não conseguiu ainda chegar.
"Estas pessoas perderam tudo, não têm teto, roupa, nem o que comer"
O cenário de conflito em Moçambique é chocante, mas não é novo, admite Joana Martins, dos Voluntários Anónimos de Moçambique, uma organização que tem distribuido alimentos e que tem montada uma plataforma de "perdidos e achados" para encontrarem pessoas que estão desaparecidas.
A organização construiu uma lista com 2.500 pessoas que foram dadas como desaparecidas, com base essencialmente em dados de empresas, uma vez que Palma é uma zona de desenvolvimento no projeto de gás. Até ao momento, foram resgatadas 1.700 pessoas, mas estima-se que esta quarta-feira sejam confirmados mais resgates.
A organização considera essencial mobilizar ajuda internacional para que se possa evitar uma crise humanitária ainda maior. Os deslocados perderam tudo, ficaram sem casa, sem roupa e sem comida. "Tudo o que há é insuficiente", argumentou Joana Martins. É necessária também ajuda para pôr fim ao conflito.
-
Gulbenkian dá 80 mil euros para responder à "tragédia humanitária" em Moçambique
-
Moçambique. Palma passou a ser vila fantasma e ninguém sabe para onde fugiram os residentes
-
Moçambique. Forças do Governo controlam mais de metade de Palma, mas Daesh ainda resiste
-
Organização Mundial para as Migrações ajuda feridos e deslocados em Moçambique
-
Violência em Moçambique. Renamo acusa Governo de "inércia e apatia"
-
"Fazem-se contas em Pemba: não há dinheiro, nem comida para tanta gente"