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Novo balanço dá conta de quase 280 mortos nos confrontos do Egito

Quase 280 pessoas morreram hoje e duas mil ficaram  feridas em resultado dos confrontos na cidade do Cairo e noutras províncias  egípcias depois da ação policial contra os acampamentos dos apoiantes do  Presidente deposto Mohamed Morsi. 

Manu Brabo

De acordo com o novo balanço do Ministério da Saúde, registaram-se 235  mortes entre civis, às quais o Ministério da Administração Interna acrescentou  a morte de 43 polícias. 

O balanço anterior do Ministério da Saúde, divulgado hoje à tarde, dava  conta de 149 mortos. 

As forças de segurança invadiram hoje os acampamentos de protesto dos  apoiantes do presidente Morsi, num assalto há muito antecipado e que as  fontes oficiais adiantaram ter resultado na morte de 278 pessoas em várias  partes do Egito. 

Em resposta à violência, o Governo interino impôs o estado de emergência  e recolher obrigatório durante um mês no Cairo e outras 13 províncias. 

O estado de emergência começou às 16:00 (15:00 em Lisboa), resultando  num recolher obrigatório de onze horas diárias que começa às 19:00. 

Imagens e vídeos do derramamento de sangue no Cairo dominaram os meios  de comunicação e as redes sociais, ao mesmo tempo que as potências mundiais  pediam contenção e condenavam a demonstração de força por parte das forças  de segurança. 

Pelo menos quatro igrejas foram atacadas, tendo os ativistas cristãos  acusados os apoiantes de Morsi de levarem a cabo uma "guerra de retaliação  contra os coptas no Egito". 

Horas depois dos primeiros disparos de gás pimenta terem chovido nas  tendas dos protestantes na praça Rabaa al-Adawiya, um correspondente da  France Presse contou pelo menos 124 mortos nas morgues improvisadas. 

Num hospital de campanha, com os chãos escorregadios de sangue, os médicos  lutavam para lidar com as vítimas, pondo de parte os casos críticos, mesmo  quando ainda estavam vivos. 

Entre os mortos registados no Cairo está a filha de 17 anos de um líder  da Irmandade Muçulmana, afirmou um porta-voz do movimento pró-Morsi. 

A britânica Sky News anunciou também que um dos seus 'cameraman', Briton  Mick Deane, foi alvejado e morto quando fazia a cobertura dos confrontos.

A violência precipitou a saída do vice-Presidente Mohamed El-Baradei,  que justificando que a sua consciência estava perturbada com a perda de  vidas, principalmente por acreditar que todas aquelas mortes poderiam ter  sido evitadas. 

Entretanto, já hoje à noite, um membro das forças de segurança garantiu  que a praça Rabaa al-Adawiya estava "totalmente sob controlo" e que já não  se registam mais confrontos. 

As autoridades afirmaram depois que a calma tinha regressado um pouco  por todo o país. 

Lusa