Num discurso transmitido pela televisão egípcia, e citado pelas agências noticiosas internacionais, o primeiro-ministro do Egito agradeceu às forças de segurança por terem agido "com máxima moderação" e justificou a sua intervenção, salientando que "nenhum Estado que se preze poderia tolerar" a ocupação de dois lugares por milhares de manifestantes durante mais de mês e meio.
O chefe do governo interino egípcio afirmou que a decisão de decretar o estado de emergência foi "muito difícil" de tomar, mas obrigatória perante a escalada da violência.
"O Estado tem de fazer-se respeitar e deve impedir que os direitos dos cidadãos sejam agredidos por outros", acrescentou Beblawi, nas primeiras declarações depois da operação policial que desmantelou os acampamentos dos apoiantes de Morsi.
O primeiro-ministro declarou ainda que as medidas excecionais -- também foi decretado o recolher obrigatório -- são "temporárias" e terão uma duração "o mais breve possível".
A vaga de violência hoje registada no Egito, motivada pela repressão dos acampamentos de protesto dos apoiantes do Presidente deposto Mohamed Morsi, fez 149 mortos em todo o país, segundo um balanço oficial.
Um porta-voz do Ministério da Saúde egípcio, Mohamed Fathala, afirmou, em declarações à agência estatal egípcia Mena, que os confrontos registados em várias províncias do país também fizeram pelo menos 1.403 feridos.
O representante indicou que só no Cairo foram verificadas pelo menos 49 vítimas mortais. O anterior balanço do ministério dava conta de 95 mortos e 874 feridos.
O novo balanço foi divulgado num momento em que centenas de apoiantes de Morsi deixaram a praça Rabaa al-Adawiya, o seu último bastião no Cairo.
O Estado de emergência foi decretado por um mês, ao passo que o recolher obrigatório afeta 14 das 27 províncias do país, entre as quais o Cairo, e está em vigor das 19:00 às 06:00 locais (das 18:00 às 05:00 de Lisboa).
Lusa