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ONU conclui que há provas "claras e convincentes" da utilização de gás sarin na Síria

O relatório das Nações Unidas sobre a utilização de armas químicas na Síria conclui que há provas "claras e convincentes" da utilização de gás sarin no massacre de 21 de agosto, perto de Damasco. O relatório da ONU, divulgado hoje, acrescenta que as armas químicas foram usadas "numa escala relativamente grande" na guerra civil síria, que se prolonga há 30 meses.

© Khaled Al Hariri / Reuters

O documento precisa que o ataque de 21 de agosto, que segundo os Estados  Unidos fez mais de 1.400 mortos, foi concretizado com recurso a "mísseis  terra-terra contendo gás sarin".  

O relatório deverá ser apresentado ao fim da manhã de hoje (em Nova  Iorque) por Ban Ki-moon aos embaixadores dos 15 países membros do Conselho  de Segurança da ONU. 

Na sexta-feira, o secretário-geral antecipara que o documento confirmaria  "de forma esmagadora" a utilização de armas químicas. 

Mas o relatório não atribui diretamente a responsabilidade do ataque,  já que o mandato dos investigadores não previa que eles se pronunciasse  sobre esse ponto. 

As potências ocidentais acusam o regime sírio de ter realizado um ataque  a 21 de agosto e outros 13 ataques com armas químicas desde o início da  guerra na Síria, em março de 2011. 

Moscovo tem-se mantido ao lado do seu aliado sírio, acusando os rebeldes  de terem fomentado ataques químicos para acusar Damasco e provocar uma intervenção  militar ocidental. 

A perspetiva de uma intervenção militar internacional, que chegou a  ser admitida pelo presidente norte-americano, Barack Obama, está para já  descartada, já que no sábado Washington e Moscovo chegaram a acordo sobre  um plano de desmantelamento do arsenal químico da Síria, que Damasco aceitou.

Washington, Londres e Paris pretendem usar o relatório dos inspetores  da ONU para manter a pressão sobre o regime de Bashar al-Assad, para que  respeite os seus compromissos de desmantelar as armas químicas, enquanto  Moscovo rejeita as ameaças de uma ação militar. 

Os chefes da diplomacia de França, dos EUA e do Reino Unido, reunidos  em Paris, defenderam hoje que o plano de desarmamento químico da Síria seja  enquadrado por uma resolução da ONU "forte e obrigatória", enquanto a Rússia  alertou que uma resolução que ameace a Síria boicotará as perspetivas de  uma solução negociada para a Síria. 

De acordo com as Nações Unidas, o conflito na Síria - em que a contestação  popular ao regime degenerou em guerra civil - fez mais de 100 mil mortos  desde 2011 e perto de dois milhões de refugiados, que têm sido acolhidos  sobretudo na Jordânia, Turquia e Líbano. 

Com Lusa