Militares russos e bielorrussos estão a realizar exercícios aéreos conjuntos no oeste da Bielorrússia, perto da fronteira polaca, zona no centro de uma crise migratória que a União Europeia (UE) acusa Minsk de fomentar, foi esta sexta-feira divulgado.
Em comunicado, o Ministério da Defesa bielorrusso disse esta sexta-feira que uma unidade "tática" de paraquedistas de ambos os países está a operar em terrenos na região de Grodno e aviões de transporte de tropas russas e helicópteros das forças bielorrussas estiveram envolvidos nestas manobras.
"Após os seus saltos, os paraquedistas russos e bielorrussos realizam uma série de exercícios de combate, incluindo tomar e manter uma posição, procurando e eliminando alvos", refere o comunicado de Minsk.
Também o exército russo, citado pela agência Interfax, confirmou a realização dos exercícios, referindo que se trata de um exercício de "inspeção surpresa" da preparação das tropas.
A UE manifestou, entretanto, a sua preocupação com os movimentos militares russos perto da fronteira com a Ucrânia, sobre os quais Washington também pediu explicações a Moscovo.
"Continuamos a monitorizar a situação e as informações que recolhemos até agora são bastante preocupantes", disse Peter Stano, porta-voz do chefe da política externa da UE, Josep Borrell, numa conferência de imprensa.
Milhares de migrantes retidos na fronteira
Na quinta-feira, a Ucrânia anunciou a intenção de destacar milhares de militares para a fronteira a norte com a Bielorrússia, na sequência da crise migratória polaco-bielorrussa.
Alguns milhares de migrantes, principalmente do Médio Oriente, estão retidos em condições difíceis na fronteira entre a Bielorrússia e a Polónia.
A UE acusa Minsk de orquestrar este afluxo de migrantes, incluindo a emissão de vistos, em retaliação pelas sanções ocidentais impostas ao regime do Presidente Alexander Lukashenko, após a brutal repressão de manifestações realizadas no ano passado para contestar o resultado de eleições em que foi reeleito.
Esta crise está a causar uma preocupação crescente e foi objeto de uma reunião de emergência no Conselho de Segurança da ONU, na quinta-feira, na qual os Estados Unidos e os membros europeus do órgão condenaram uma "instrumentalização orquestrada de seres humanos" pela Bielorrússia na fronteira com a Polónia, a fim de "desestabilizar a fronteira externa da UE".
UE agradece à Turquia por impedir embarque de migrantes em aviões da companhia bielorrussa
A Autoridade Turca da Aviação Civil decidiu aceder ao pedido europeu e os cidadãos da Síria, Iémen e Iraque deixam de estar autorizados a embarcar no voos da Belavia, a companhia nacional de aviação da Bielorrússia.
A decisão surge depois da União Europeia (UE) acusar a Turquia de ser cúmplice do Governo da Bielorrússia, ao permitir o embarque aéreo de migrantes estacionados em território da turco.

A UE já agradeceu à Turquia pela decisão e defende que o Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, está a utilizar cidadãos vindos de países em conflito ou crise para pressionarem a fronteira bielorrussa com os países europeus, num ataque híbrido que também envolve a ameaça de cortar o gás russo.
A situação no terreno, particularmente na fronteira com a Polónia, é cada vez mais explosiva.
A polícia polaca acusa o exército bielorrusso de empurrar grupos de migrantes, sobretudo mulheres e crianças, contra a fronteira polaca. Junto à fronteira da Lituânia e da Estónia, adultos e crianças encontram-se em campos improvisados com temperaturas noturnas abaixo dos zero graus.
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